Sob pressão – A primeira-ministra da Tailândia, Yiangluk Shinawatra, negou-se nesta segunda-feira (2) a renunciar, apesar da ameaça dos manifestantes de intensificarem os protestos, iniciados em outubro e que atingiram seu ápice no último fim de semana.
Há quase dois meses os manifestantes, liderados pelo ex-vice-premiê Suthep Thaugsuban, vão às ruas pedir a renúncia de Shinawatra. O motivo da indignação é a lei de anistia assinada pelo governo e que permitiria ao ex-premiê Thaksin Shinawatra, irmão da atual primeira-ministra e hoje exilado em Dubai, voltar à Tailândia sem ir para a prisão.
A segunda maior economia do Sudeste Asiático passa por uma grave crise política desde o golpe militar que, em 2006, derrubou do governo Thaksin Shinawatra. Magnata das comunicações, ele foi condenado a dois anos de prisão por corrupção.
“O que o governo mais deseja é negociar, mas eu mesma não consigo ver outra saída ao problema que não seja pela lei e pela Constituição”, disse Yiangluk Shinawatra em pronunciamento à nação nesta segunda-feira.
A declaração da premiê foi uma resposta a Thaugsuban. No domingo (01), ele propôs a criação de um conselho de Estado, eleito de forma indireta, para substituir o atual governo. Os manifestantes acusam a primeira-ministra de fazer vista grossa ante a corrupção e ser uma testa de ferro de seu irmão, que, segundo a oposição, dirige o país desde o exílio.
Yiangluk Shinawatra também disse que as forças de segurança não vão mais usar de violência, apesar de relatos de que manifestantes teriam sido feridos na manhã desta segunda-feira, quando tentavam invadir a sede do governo em Bangkok. Também os manifestantes teriam disparado e jogado bombas caseiras contra os policiais que faziam a segurança do local.
Thaksin Shinawatra e sua irmã contam com grande respaldo entre as classes baixas e as áreas rurais do nordeste, enquanto grande parte de seus opositores procedem das classes médias e altas urbanas e de setores próximos ao Exército e da monarquia.
Entre a noite de sábado e a madrugada de domingo, pelo menos três pessoas morreram e 50 ficaram feridas nos enfrentamentos entre seguidores e opositores do governo na capital. A primeira-ministra insiste que está disposta a “abrir qualquer porta” para negociar com a oposição e evitar novos episódios de violência. (Com agências internacionais)