Ministro age como “office boy” de luxo no caso do cartel liderado pela alemã Siemens

jose_eduardo_28Sem noção – José Eduardo Martins Cardozo, ministro da Justiça, já passou dos limites em sua brincadeira acusatória que por certo faria inveja a Don Tomás de Torquemada, o inquisidor. Abusando da ironia, Cardozo compareceu à Câmara dos Deputados, na quarta-feira (4), para dar explicações sobre o caso do cartel liderado pela Siemens, criado com o objetivo de fornecer material metroferroviário ao Metrô de São Paulo e à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Considerando que o cartel de fato existiu, as medidas cabíveis devem ser tomadas e os responsáveis punidos de acordo com o que determina a legislação vigente. De tal modo, o governo paulista é vítima de um grupo de empresas de conduta nada ortodoxa. Se existirem provas de pagamento de propinas a autoridades paulistas, o governo do PSDB não tem do que reclamar e deve assumir o ônus de uma operação ilegal.

Contudo, é inaceitável que uma denúncia que carece de provas continue patinando no campo das suposições. O documento que traz acusações contra integrantes da oposição é tão pífio na sua versão traduzida, que a Polícia Federal deveria ter aberto inquérito para identificar o fraudador. Não se pode imaginar que um ministro de Estado se preste a um papel tão pequeno e vergonhoso, como o que desempenha José Eduardo Cardozo, que por ordem da presidente Dilma decidiu enfrentar os adversários políticos.

Inicialmente, o Cade, presidido pelo petista Vinícius Marques de Carvalho, vazou de forma seletiva documentos de uma investigação que corre sob sigilo. Cardozo é chefe de Carvalho, mas não sabe explicar como se deu o vazamento dos documentos. A bazófia petista é tamanha, que o ministro disse, durante a audiência na Câmara, que é difícil evitar vazamentos de documentos e informações. Quem conhece o PT sabe que o partido é viciado em denúncias anônimas. Nos tempos de oposição, integrantes da legenda costumeiramente aterrissavam nas redações com envelopes recheados de denúncias, invariavelmente anônimas.

Depois do ex-diretor da Siemens, que negou ser o autor do documento sem assinatura que incrimina políticos da oposição e foi usado de forma ostensiva por Cardozo, agora é a vez de um executivo da matriz da companhia alemã. Em depoimento à Polícia Federal, em 6 de novembro, Mark Willian Gough disse que a multinacional suspeita que parte dos US$ 7 milhões depositados em uma conta no paraíso fiscal de Luxemburgo – atribuída a Adilson Primo, ex-presidente da filial brasileira da empresa, foi utilizada para o pagamento de propina a políticos paulistas.

Gough disse à PF que parte do montante depositado em Luxemburgo foi transferida para doleiros presos durante a investigação do escândalo do Banestado. Informação que em nada ajuda, exceto para o PT que quer manter o suspense no ar o máximo de tempo possível. Não se pode esquecer que a CPI do Banestado terminou em uma enorme e mal cheirosa pizza porque o PT, estreante no poder central, fez um acordo para distorcer o relatório da comissão, que esteve a cargo do petista José Mentor.

Advogado e professor de Direito, José Eduardo Cardozo deveria saber que suspeita não é base para uma condenação, nem mesmo com brutal e covarde esforço do julgador. O ministro da Justiça tenta causar polêmica, mas poderia pelo menos admitir a paternidade da lambança que o seu partido insiste em prorrogar. Não se trata de reconhecimento de paternidade, muitas vezes um assunto mais complexo e demorado, que como operador do Direito o ministro deve saber como funciona.

Não bastasse essa conduta criminosa, o PT tem um histórico de proximidade com dossiês contra adversários. Em 2004, por ocasião do segundo turno da disputa pela prefeitura de São Paulo, petistas chegaram a oferecer US$ 500 mil por um dossiê contra José Serra, que concorria com Marta Suplicy. A investida fracassou e o partido teve de aceitar a derrota de Marta nas urnas paulistanas.

Como sempre destacamos, o ucho.info não defende qualquer ato de corrupção, independentemente da corrente ideológica do agente, mas é preciso respeito e seriedade na condução de uma investigação, que no caso em questão mostra que o PT quer instala no País um Estado policialesco.