Alça de mira – O Palácio do Planalto cumpre o script da intimidação e com isso consegue minimizar na imprensa nacional as denúncias que constam do livro do delegado Romeu Tuma Júnior e do jornalista Claudio Julio Tognolli, que coloca o PT na mais difícil situação dos últimos tempos. São acusações de espionagem, desvio de dinheiro, cobrança de propinas, evasão de divisas, prevaricação por parte de integrantes do governo petista e, como não poderia deixar de ser, o fato de Lula ter sido informante da ditadura militar, mais precisamente do Dops.
Sem que os grandes veículos de comunicação divulguem um caso gravíssimo, o PT avança em seu projeto totalitarista de poder sem ser incomodado, o que é preocupante em termos de democracia. Ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo já deixou claro que o governo ancorado pelo seu partido está decidido a não abrir mão do Estado policial que instalou para manter sob ataque seus adversários políticos.
O pedido de investigação do caso da alemã Siemens, acusada de liderar um cartel para fornecimento de produtos e serviços ao governo paulista, foi feito de forma tão criminosa que o investigado deveria ser o próprio ministro, que entregou à Polícia Federal documentos adulterados com o objetivo de prejudicar adversários.
Não se trata de defender que o caso deixe de ser investigado, pelo contrário, mas isso deve ocorrer, desde o início, dentro do que determina a legislação vigente. É inadmissível o uso de rapapés para prejudicar políticos de um partido com o qual os petistas duelam no cenário nacional, o PSDB. E quando transgressões e violações ocorrem no processo investigatório, esse por si só já se torna suspeito.
Cardozo entrou na linha de ataque dos tucanos e por ordem da presidente Dilma Rousseff tem reagido como pode, sempre abusando da sua arrogância, como se nove entre dez integrantes do governo não tivessem o chamado “telhado de vidro”. A estratégia de Dilma é não deixar que integrantes do governo sejam atingidos por qualquer tipo de denúncia, em especial os petistas, como forma de evitar dividendos negativos em seu projeto de reeleição.
A situação tem preocupado os palacianos de tal maneira, que a Comissão de Ética da Presidência da República deu prazo para que o ministro da Justiça explique a lambança. É sabido que esse colegiado é um apêndice da Presidência e deverá no máximo advertir Cardozo, o que em termos práticos significa coisa alguma.
Ainda na mira do pandemônio patrocinado pelos tucanos, José Eduardo Cardozo disse, na segunda-feira (9), que está “absolutamente tranquilo” em relação ao pedido de informação sobre a investigação do caso Siemens. “Quem cumpre a lei seguramente não age de forma antiética”, afirmou Cardozo. “É correto, legal e normal o procedimento da Comissão de Ética da Presidência ao requerer informações”, completou.
Deixando de lado o pedido da Comissão de Ética e focando na questão da antiética, o ministro precisa mostrar esse seu viés impoluto e seguidor da lei mandando investigar o seu próprio partido, que cada vez mais afunda na lama da corrupção, do desmando e do banditismo político. Isso dificilmente acontecerá, pois os petistas jamais sabem de alguma coisa. Cardozo é um gazeteiro despreparado que até mesmo para omitir a verdade é arrogante. Há nos bastidores da política um cipoal de acusações contra o titular da Justiça, a ponto de ejetá-lo do cargo e fazer um estrago na campanha de Dilma Rousseff.