Cumprindo ordens – A tropa de choque do governo federal baixou em peso na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, na manhã desta quarta-feira (11), para evitar que fossem aprovados requerimentos apresentados pela oposição para esclarecer o episódio em que o ex-secretário Nacional de Justiça do governo Lula, Romeu Tuma Júnior, revela como funcionava a fabricação de dossiês contra adversários políticos sob a estrutura da Presidência da República. Entre os mandantes do esquema estaria o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República.
O deputado federal Stepan Nercessian (PSS-RJ) apresentou requerimento de convite para ouvir Tuma Júnior, mas deixou a Comissão indignado com a atuação do governo do PT. “Não estamos tratando de um personagem marginal. É alguém que ocupou um cargo importantíssimo. Quando esta pessoa faz estas observações (denúncias) e chegou a ter este cargo de confiança, não se pode ignorar, como se nada tivesse acontecido. É uma oportunidade boa para se ter esclarecimentos inclusive para o governo”, argumentou Stepan ao defender a vinda de Tuma Júnior à Câmara.
Como manobra para evitar a votação do convite a Tuma Júnior, a base governista ajudou a aprovar o adiamento da discussão da matéria. Na prática, o requerimento de Stepan Nercessian, juntamente com outros do PSDB e do Democratas, só podem voltar à apreciação após cinco sessões ordinárias do plenário.
O PT tem medo do quê?
Diante das justificativas do PT de que as denúncias de um ex-integrante do governo Lula não teriam pertinência com a comissão, o líder do PPS, Rubens Bueno (PR), rebateu os argumentos.
“Quando se traz um convite como este a Tuma Júnior que faz denúncias de desvio de dinheiro público em vários setores do governo, esta comissão tem o dever de investigar para que haja transparência. Se houve desvio, precisa esclarecido definitivamente. Este é o papel desta comissão”, disse Bueno, lembrando ainda que a secretaria de Tuma era responsável por rastrear no exterior e repatriar dinheiro obtido com esquemas de corrupção no governo.
Para o líder do PPS, o governo deveria ser o principal interessado na vinda de Tuma ao Congresso. “Estão querendo blindar o Gilberto Carvalho. Na prática, isso levanta ainda mais suspeitas sobre o caso. O PT tem medo do quê?”, indagou Bueno.
O caso
Em reportagem, a revista Veja informou na edição desta semana que Tuma Jr., em seu livro “Assassinato de Reputações” diz que recebeu “ordens” para produzir e esquentar dossiês contra adversários do governo do PT no período em que foi chefe da Secretaria Nacional de Justiça –entre os anos de 2007 e 2010.
O delegado afirma no livro que as ordens vinham do Palácio do Planalto, Casa Civil e do próprio Ministério da Justiça. A secretaria ocupada por Tuma Júnior é vinculada ao Ministério da Justiça. Ele também denunciou que todos os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) foram “grampeados” ilegalmente durante o julgamento do processo do Mensalão do PT.