Maria do Rosário, que transforma ataúde em palanque, ainda não falou sobre o caso do alcaguete Lula

maria_rosario_07Boca fechada – A semana, agitadíssima vale lembrar, caminha para o seu epílogo, mas até agora a ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário Nunes (PT-RS), que teima em reescrever a história do País, ainda não se pronunciou sobre o fato de Lula ter sido informante da ditadura militar. Acostumada a discursos revanchistas quando na mira estão adversários políticos ou ideológicos, Maria do Rosário também adotou silêncio obsequioso no caso de Eduardo Gaievski, o ex-assessor pedófilo da “companheira” Gleisi Hoffmann, que ainda está ministra da Casa Civil.

A denúncia feita pelo delegado Romeu Tuma Júnior de que Lula foi “X9” do Dops deveria ter transformado Maria do Rosário em “fulanização” da ira, mas isso não ocorreu porque se trata de um destacado companheiro de legenda, a quem a ministra dedica adulações desnecessárias.

A petista gaúcha deveria aproveitar o furor com que insiste em reescrever a história do Brasil para inserir nos novos anais verde-louros a porção alcaguete de Lula, cuja prisão de pouco mais de quatro semanas foi suficiente para lhe render uma aposentadoria de perseguido político. Ou seja, “nunca antes na história deste país” pagou-se aposentadoria para dedo-duro.

Quase uma especialista em exumação de cadáveres, a prepotente Maria do Rosário deveria se imbuir de coragem e esclarecer o covarde e brutal assassinato de Celso Daniel, então prefeito de Santo André, que saiu do palco da vida apenas porque discordou da destinação dada ao dinheiro da propina arrecadada junto a empresários da cidade do Grande ABC.

Antes de ser morto, Celso Daniel foi duramente torturado, inclusive sendo submetido a sessão de empalação, método de tortura medieval. Em crimes comuns, como sempre quis fazer acreditar o PT, esse tipo de prática não tem espaço. O petista foi assassinado porque sabia demais sobre a bandalheira que seus companheiros de legenda haviam instalado em algumas cidades brasileiras. Por certo Maria do Rosário não se dedicará ao caso de Celso Daniel, pois qualquer movimento brusco nesse baú amaldiçoado coloca dezenas de petistas na berlinda.

É tão pífia a sua atuação à frente da Secretaria dos Direitos Humanos, que Maria do Rosário não se importou em pegar carona no segundo sepultamento de João Goulart, o Jango, cuja exumação dos restos mortais serviu para o PT mostrar, mais uma vez, que é adepto confesso do revanchismo. Os petistas querem provar que Jango morreu em decorrência de envenenamento, não por causa de problemas de saúde. Durante a cerimônia de sepultamento de João Goulart, ocorrida há dias em São Borja, a ministra aproveitou a oportunidade para fazer campanha e saiu cumprimentando os populares que acompanhavam o funeral.

Nesse espetáculo carnavalesco em que se transformaram as muitas Comissões da Verdade que brotam no País, pelo menos uma pessoa teve bom senso e lucidez. A advogada Maria de Lourdes Ribeiro, filha motorista que dirigia o carro de Juscelino Kubitschek quando o ex-presidente morreu na Rodovia Presidente Dutra, em agosto de 1976, anunciou que não permitirá nova exumação dos restos mortais do seu pai, Geraldo Ribeiro.

Uma nova exumação seria requerida pela Câmara Municipal de São Paulo, cuja Comissão da Verdade concluiu, com base no “achismo”, que o acidente em que morreu JK foi um atentado. Para o vereador Gilberto Natalini (PV), presidente da tal comissão, Geraldo Ribeiro foi assassinado com um tiro na cabeça enquanto dirigia o automóvel de Kubitschek. Um evento a menos na agenda da ministra Maria do Rosário, que já mostrou não se sentir constrangida em transformar caixão funerário em palanque eleitoral. O fantasma de Jango que o diga!