Opção do Planalto por caças suecos tem razões dúbias que ultrapassam as frágeis explicações oficiais

gripen_12Passando a limpo – A aquisição de 36 caças para reequipar a Força Aérea Brasileira, por US$ 4,5 bilhões, foi anunciada na quarta-feira (18) pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, que usou argumentos não tão convincentes para justificar a decisão do governo petista de Dilma Vana Rousseff.

A opção pelo modelo Gripen NG, da sueca Saab, carece de explicações mais consistentes, considerando o fato de que não se trata de uma compra oficial qualquer. O governo alegou que o Gripen NG, que ainda está no papel, foi o vencedor da disputa porque entre todos os participantes é o modelo mais barato. A norte-americana Boeing, que concorria com o F-18 Super Hornet, apresentou proposta no valor de US$ 7,6 bilhões. A francesa Dassault, com o Rafale, era apontada como favorita, mesmo com preço de US$ 8 bilhões.

Algumas questões, além das alegações apresentadas pelo governo, foram preponderantes para a escolha do Gripen NG. A transferência de tecnologia foi um dos quesitos que teria pesado na escolha, mas é preciso lembrar que o caça sueco conta com alguns equipamentos norte-americanos, o que fragiliza a alegação do Palácio do Planalto. A questão é muito simples. Os Estados Unidos não permitem a transferência de tecnologia de equipamentos militares. Essa proibição consta em lei e qualquer mudança depende do Congresso do país. Ou seja, a transferência de tecnologia não será plena como anunciou o governo.

Outro ponto que deve ser levado em consideração é que o raio de ação do Gripen NG é de no máximo 800 quilômetros, distancia considerada pequena para um país de dimensões continentais como o Brasil. O caça da Saab é ideal para países pequenos em termos territoriais, como os europeus, por exemplo.

Depois da arrastada negociação para a compra do modelo Rafale, a Dassault foi descartada por uma questão geopolítica. A França se opôs ao governo brasileiro na negociação de um acordo sobre o programa nuclear iraniano. A discussão com o governo de Teerã estava era liderada por Brasil e Turquia. Os palacianos ficaram emburrados com a postura do governo francês e acabou deixando a Dassault de lado.

No caso da Boeing, a empresa acabou preterida pelo Palácio do Planalto também por questões de política internacional. A cúpula da FAB havia concordado com a opção do governo brasileiro pelo F-18 Super Hornet, mas as recentes e ainda não comprovadas denúncias de espionagem por parte da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) acabaram deixando a empresa norte-americana fora do páreo.

Sem opção, o Planalto foi obrigado a declarar o Gripen NG como vencedor da concorrência que viabiliza o projeto FX-2, mas não se pode afirmar que a escolha se deu por questões técnicas. Como já mencionado, o caça da Saab ainda está no papel e será desenvolvido no Brasil em parceria com a Embraer. O que pode retardar o prazo de entrega das primeiras unidades. A previsão inicial é que os novos caças da FAB começarão a ser entregues em 2018, sendo que o processo tem previsão de término para 2025.