Consultoria de Dirceu no Panamá mostra a necessidade de reabertura das investigações do Mensalão

jose_dirceu_36Caso de polícia – A notícia publicada pelo jornal “O Estado de S. Paulo” sobre a filial internacional da empresa de consultoria do mensaleiro e presidiário José Dirceu aberta na Cidade do Panamá, um conhecido paraíso fiscal, é mais um escândalo com a chancela do PT, partido que conseguiu ser protagonista do período mais corrupto da história nacional.

A “JD Assessoria e Consultoria” registrou a filial em 2008, três anos após Dirceu ser ejetado do governo na esteira do escândalo do Mensalão do PT. O braço internacional da JF funciona no escritório da Morgan & Morgan, que disponibiliza testas de ferro para milhares de firmas estrangeiras, como a Truston, empresa que controla o Hotel Saint Peter, que ofereceu ao petista uma oportunidade de trabalho, com salário mensal de R$ 20 mil.

O Hotel St. Peter é, em tese, de propriedade do empresário e ex-deputado Paulo Abreu, dono de diversas emissoras de rádio e conhecido no Palácio do Planalto como o “rei das liminares”, uma vez que esse instrumento jurídico é que garante o funcionamento de muitas das suas empresas de radiodifusão. A empresa controladora do hotel que fica em Brasília é presidida por um auxiliar de escritório de advocacia e que mora na periferia da Cidade do Panamá.

A oferta de emprego a José Dirceu, que acabou malogrando por conta dos desdobramentos do caso, tinha o objetivo de facilitar uma empreitada de José de Abreu: a reabertura da TV Excelsior, que foi fechada durante a ditadura militar e cujos direitos foram adquiridos pelo polêmico empresário.

Esse novo escândalo petista é caso de polícia e deve ser investigado de acordo com o que determina a legislação brasileira. Não é crime abrir uma empresa em paraíso fiscal, desde que o fisco brasileiro seja informado do fato.

Como se sabe, a política é um negócio milionário para nove entre dez que atuam no setor, sempre frequentado por alarifes conhecidos e experientes, como se fosse um clube privado de delinquência.

Quando o ucho.info afirmou, em 2005, que o caixa do Mensalão do PT fora alimentado por empresários que atuam no exterior, muitos imaginaram que se tratava de um tiro no escuro dado por este site. À época, cientes de que o esquema montado pelo PT era vasto e altamente criminoso, o ucho.info afirmou que eram fictícios os empréstimos bancários que rechearam o escândalo de compra de parlamentares por meio de mesadas.

A Procuradoria-Geral da República e o Supremo Tribunal Federal erraram enormemente ao considerar os empréstimos como fraudulentos, quando na verdade eram obras de ficção para repatriar o dinheiro do partido que estava depositado no exterior. Os valores foram transferidos para as empresas financeiras internacionais controladas pelos bancos do Mensalão do PT, que no Brasil entregou o montante correspondente em reais, como se fossem empréstimos normais e garantidos por uma reles assinatura. É o caso do Tradelink Bank, sediado nas Ilhas Cayman e que estava no guarda-chuva do Banco Rural.

Não apenas esse novo escândalo, envolvendo José Dirceu, deve ser investigado, mas o Mensalão do PT como um todo, mesmo que em segunda fase, pois há muitos crimes que ainda não foram identificados. Uma investigação mais profunda colocaria o PT à beira do precipício político, já que é grande o envolvimento de “companheiros” com empresários acostumados com a ilegalidade. Vale lembrar que o ex-secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, revelou recentemente que o ministro Tarso Genro ordenou a suspensão de uma investigação que tinha na mira contas bancárias abertas no paraíso fiscal das Ilhas Cayman em nome de petistas.