As desgraças do Maranhão não são culpa da oposição, mas de quem o comanda

(*) John Cutrim –

john_cutrim_01Pronto, acharam um culpado para a convulsão social e o caos instalado no Maranhão. Os culpados, tentam passar os seguidores do senador José Sarney, são Flávio Dino (presidente da Embratur) e a oposição. Um acinte à inteligência dos maranhenses.

Sem ter como justificar a ruína do governo Roseana Sarney, os incompetentes, inaptos, irresponsáveis, insensíveis, fanfarrões, corruptos e incapazes tentam atribuir à Flávio Dino (que nunca foi governador e muito menos esteve na Sodoma e Gomorra que se transformou os governos sarneisistas) e a oposição, que só conseguiu governar por dois anos, durante o mandato de Jackson Lago interrompido oriundo de um golpe nos tribunais, a autoria pelos erros cometidos ao longo de quase cinco décadas de domínio do Maranhão.

Vale lembrar que desde 1966 o MA é comandando pelos integrantes do clã político de José Sarney. De lá para cá, estamos ladeira abaixo, como revelou o inconsciente do deputado federal Sarney Filho, filho do caudilho José Sarney durante discurso na Câmara (reveja aqui).

A Bíblia, em um dos seus versículos, traz um sábio ensinamento. Diz que o ser humano colhe o que planta. Palavra rica de preceitos que se adapta muito bem à situação do estado dirigida pela mais longeva oligarquia do País.

Hoje o Maranhão colhe os frutos ruins de uma oligarquia perversa, sob o domínio maligno dos Sarney. O clã semeou injustiça, imoralidade, egoísmo, ódio, discórdia, feitiçaria, dissensões e, agora, o Maranhão sofre as consequências onde o mal, o sofrimento, miséria, pobreza, enfim, a desigualdade social predomina. Tempos terríveis passa o estado.

Temos a menor expectativa de vida na média de homens e mulheres – 68,6 anos – de acordo com dados divulgados pelo IBGE. O Maranhão possui a segunda pior taxa de mortalidade infantil do país, apenas atrás de Alagoas, com 29 crianças com menos de um ano mortas para cada mil nascidas vivas. A média nacional é de 16,7 para 1000.

As três piores cidades em renda per capita pertencem ao Maranhão, de acordo com o recentemente divulgado Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) – Marajá do Sena (R$ 96,25), Fernando Falcão (R$ 106,99) e Belágua (R$ 107,14). Na média dos municípios, o Estado tem o penúltimo lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), à frente apenas de Alagoas. A renda per capita, de 348 reais, é a menor do País.

Apenas 6,5% dos municípios maranhenses têm rede de esgoto.

Das 100 cidades com pior IDH, 20 são do Maranhão. Das 100 cidades com melhor IDH, nenhuma é do Maranhão. Em renda, o Maranhão fica em último lugar, com índice de 0,612. Da população de 6,5 milhões de habitantes, 1,7 milhão de maranhenses está abaixo da linha de miséria (ganham até R$ 70 por mês). O Maranhão apresenta também o menor índice de desenvolvimento social, de acordo com o Indicador Social de Desenvolvimento dos Municípios (ISDM), da FGV-SP. Possui a média mais baixa, com ISDM de 3,35, numa escala que varia de 0 a 10.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 20,8% dos maranhenses eram analfabetos em 2012. A terra dos Sarneys tem ao lado de Alagoas os maiores índices de analfabetismo do país, de 17,3% a 21,8%. O estado do Maranhão, segundo dados do Ministério da Saúde, apresenta a mais baixa proporção de médicos por mil habitantes no país, correspondendo a um terço da média nacional. Enquanto a média nacional é 1,8 médico a cada mil habitantes, no Maranhão a proporção é 0,58. Na área de saneamento básico, somos um dos estados com pior rede de tratamento de esgotos do Brasil (relatório IBGE).

Nesse ínterim de tanto desgoverno, a governadora Roseana está no seu quarto mandato, embora para os embevecidos defensores da oligarquia, ela não pode ser responsabilizada. A culpa, veja a que ponto chega o disparate dos saneisistas, é da oposição e de Flávio Dino, que na opinião dos mesmos não pode falar nada, expressar sua revolta e indignação de simples cidadão com o que acontece em sua terra natal. Logo é taxado por estes de aproveitador, politiqueiro, preocupados apenas com seus interesses.

O autoritarismo é tanto dos coronéis do poder no Maranhão que chegam ao cúmulo de reclamar da mídia nacional por divulgar fatos catastróficos (reportagens e vídeos) da capitania hereditária Maranhão. Agem como fazem no Maranhão, onde intimidam, ameaçam e tentam amordaçar os adversários.

Será que as cabeças decapitadas, incêndio a ônibus, ataques a delegacias, morte de pessoas (inclusive de uma criança inocente que morreu queimada por ações de facções criminosas), gastos exorbitantes e desvio de dinheiro, promessas não cumpridas, a farra nababesca de lagostas, sorvetes, panetones, geleias francesas, bebidas, publicada recentemente no Diário Oficial, é fantasia da oposição? E o que dizer dos indicadores que nos colocam como os mais miseráveis, na rabeira do desenvolvimento? Também não é invencionice e muito menos factoide da oposição. A imprensa presta um enorme serviço ao povo do Maranhão.

Quem cala diante dessa tragédia consente com as mazelas existentes. Por outro lado, entende-se que não é nenhum pouco razoável tirar proveito – seja qual for – das desgraças do estado.

Roseana e sua horda de asseclas palermas deveriam, como afirmou o fenomenal jornalista Ucho Haddad, ler Machado de Assis antes de tentar justificar a própria incompetência. O ucho.info resgata frase do célebre Machado de Assis, na obra “Esaú e Jacó”, para tentar despertar Roseana e seu ninho de assessores para a dura realidade do Maranhão: “Há aí o seu tanto de exagerado, mas a hipérbole é deste mundo, e as orelhas da gente andam já tão entupidas que só à força de muita retórica se pode meter por elas um sopro de verdade”.

Roseana Sarney é a “fulanização” da incompetência. É isso!

(*) John Cutrim é jornalista político e escreve no “Jornal Pequeno”, um dos bastiões da resistência ao coronelismo que grassa em todos os quadrantes do Maranhão.