Tucanos perdem parte da peçonha com prescrição de crimes de acusado no Mensalão Mineiro

mares_guia_03Tiro no pé – Quando o ucho.info cobra dos que fazem oposição ao Palácio do Planalto postura digna, à altura das exigências feitas aos atuais ocupantes do poder central, os que lutam contra a enxurrada de desmandos oficiais entram em polvorosa, como se transgressões fossem exclusividade dos situacionistas. E a chiadeira sempre brota nos defensores dos tucanos, que não conseguem enxergar que um erro não justifica outro.

Como antecipou este site, o Judiciário deveria acelerar o passo para julgar o escândalo que ficou conhecido como Mensalão Mineiro, sob pena de alguns crimes caírem na vala da prescrição, o que coloca os acusados nas fileiras da impunidade.

Em 14 de janeiro, a Justiça de Minas Gerais confirmou a prescrição das acusações contra o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia pelos crimes de peculato (desvio de recursos públicos) e lavagem de dinheiro no escândalo do Mensalão Mineiro.

Mares Guia foi acusado de integrar no esquema de desvio de dinheiro de empresas públicas de Minas Gerais para financiar a reeleição do então governador Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998. Então vice-governador, Mares Guia, de acordo com acusação da Procuradoria-Geral da República, coordenou a campanha de reeleição de Azeredo, o que o tucano nega.

Para a juíza Neide da Silva Martins, da 9ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, os crimes imputados a Walfrido dos Mares Guia prescreveram em 24 de novembro de 2012, quando o ex-ministro completou 70 anos de idade.

Os crimes de peculato e de lavagem de dinheiro prescrevem em dezesseis anos, a contar da data do fato, mas quando o réu completa 70 anos o prazo prescricional é reduzido à metade.

“Tendo transcorrido prazo superior a oito anos entre os fatos e o recebimento da denúncia, […] declaro extinta a punibilidade do réu Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto, qualificado nos autos, pela ocorrência da prescrição da pretensão punitiva do Estado”, destacou a magistrada.

Outro réu do Mensalão Mineiro que também poderá ser beneficiado pela prescrição dos crimes é Cláudio Mourão, tesoureiro da campanha do PSDB ao governo mineiro em 1998. Mourão completará 70 anos em abril e poderá requerer a redução pela metade do prazo prescricional dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro.

O PSDB, assim como todos os partidos de oposição, precisa aceitar a tese da isonomia, como prega a Constituição Federal ao afirmar que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Ou seja, o pau que bate em Chico, bate em Francisco. Se os tucanos não aceitarem essa teoria e se recusarem a cortar na própria carne, perde força qualquer crítica aos bandoleiros que subiram a rampa do Palácio do Planalto.

Olho do furacão

cristiana_ferreira_02Walfrido dos Mares Guia tornou-se figura fácil no redemoinho mineiro de escândalos com a morte da modelo Cristiana Aparecida Ferreira, uma bonita e curvilínea morena de Minas Gerais que frequentava com regularidade o Palácio da Liberdade.

Cristiana, que tinha intimidade e trânsito fácil com muitos políticos do seu estado, foi encontrada morta em um flat de Belo Horizonte. Fora isso, a morena em diversas ocasiões fez o papel de “trem-pagador” do governo de Minas Gerais.

Meses antes do seu assassinato, cuja investigação não chegou a resultado convincente, Cristiana Aparecida Ferreira teria se envolvido em ruidoso bate-boca com outra mulher, à porta de um edifício de Brasília que abriga apartamentos funcionais. À época, Mares Guia era deputado federal. O nome do ex-ministro constava da agenda de telefones e de compromissos de Cristiana, mas, convocado pela Justiça, seus depoimentos foram insossos e pouco esclarecedores, como era de se esperar.