Lixa grossa – A soberba dos palacianos é tão monumental, que qualquer transgressão cometida pelos “companheiros” da esquerda é considerada “erro de informação”. Pelo menos essa foi a definição dada por Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, para o tumulto protagonizado por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Os manifestantes, nada pacíficos, entraram em confronto com policiais militares do Distrito Federal, chamados para garantir a segurança no local. O protesto, que contou com aproximadamente 15 mil integrantes do MST, terminou com 30 policiais e dois manifestantes feridos.
Durante a manifestação, Batalhão de Choque da PM do Distrito Federal jogou bombas de gás e deu tiros de borracha na direção dos sem-terra, que arremessaram objetos contra os policiais.Em menor número, os PMs se posicionaram diante de um ônibus do movimento.
“A PM teve uma informação que não sei de onde veio que o ônibus do MST estava com porretes que poderiam ser usados contra a polícia. O comandante, que não vou criticar porque ainda não falei com ele, tomou a decisão de fazer um grupo da PM entrar na multidão para trancar o ônibus”, afirmou Gilberto Carvalho. “Foi um erro de informação. O que estava lá dentro eram cruzes para serem expostas em frente ao Palácio do Planalto. Isso fez com que ocorresse de fato um grande problema”, completou.
Esse discurso do secretário da Presidência é mais uma manobra oficial para tentar minimizar o fiasco em que se transformou o governo de Dilma Rousseff, não sem antes servir para minimizar o impacto da manifestação na imagem da petista, que é candidata à reeleição e há muito está em franca campanha.
Se o que havia dentro do ônibus do MST eram cruzes, não importa, pois as mesmas, confeccionadas com madeira, poderiam ser usadas para algum tipo de vandalismo. Não se pode esquecer que, em 6 de junho de 2006, o Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), invadiu a Câmara dos Deputados, destruindo equipamentos e provocando ferimentos em servidores. Comandada pelo petista Bruno Maranhão, a invasão da Câmara foi uma mostra do que esses baderneiros financiados com o suado dinheiro do contribuinte podem fazer, sempre escondidos atrás de uma suposta reivindicação social.
Em um regime democrático, nenhum pleito da sociedade pode ser formulado na esteira da violência e da destruição. Contudo, é inaceitável que qualquer movimento social aja com truculência, atentando contra o Estado democrático de direito. O estado, como um todo, tem o dever constitucional de manter a ordem pública e garantir aos cidadãos o direito de ir e vir, algo que foi violado de forma flagrante na última quarta-feira (12), em Brasília.
Para que o protesto do MST não reverberasse ainda mais, Gilberto Carvalho saiu em defesa do movimento, que é comandado por alarifes conhecidos que se valem da hierarquia da organização para viver como verdadeiros nababos, enquanto milhares de incautos se matam debaixo de sol a pino para reivindicar celeridade na reforma agrária.
Carvalho disse que um desfecho muito mais foi evitado “graças à maturidade da organização do movimento, que fez um cordão de isolamento entre a PM e os manifestantes”. “Os próprios PMs foram protegidos pelo próprio MST. O movimento demonstrou que quando uma manifestação tem uma pauta clara as coisas podem ocorrer sem grandes problemas”, disse o ministro.
O secretário da Presidência pode falar o que quiser, até porque o Brasil ainda é uma democracia, mas seus discursos não contam com a mais rasa dose de convencimento. Só falta o ministro afirmar que Celso Daniel foi brutalmente assassinado por conta de um “erro de informação”.