Corda esticada – Em mensagem de vídeo de três minutos divulgada pelas redes sociais no domingo (16), o líder oposicionista Leopoldo López elevou ainda mais a tensão na polarizada e combalida Venezuela.
O presidente do partido Vontade Popular convocou os venezuelanos para acompanhá-lo em marcha até o Ministério do Interior, Justiça e Paz, na terça-feira (18), quando deverá se apresentar perante a Justiça para responder às acusações do governo contra ele.
Após as manifestações contra o governo do presidente Nicolás Maduro, que deixaram três mortos e dezenas de feridos na última semana, López recebeu ordem de prisão por seu envolvimento nos recentes acontecimentos.
“Estarei aí para mostrar a cara. Disseram durante os últimos dias que me querem ver preso, aí estarei para mostrar a cara. Não tenho nada a temer, não cometi nenhum delito. Tenho sido um venezuelano comprometido com o nosso país, com o nosso povo, com a Constituição e com o nosso futuro”, declara López na mensagem de vídeo.
Ele disse ainda que o Ministério do Interior se “converteu no símbolo da repressão, da perseguição, das torturas e das mentiras”. Economista formado em Harvard, López garantiu que se encontra no país e que não planeja viajar, como afirmaram aliados de Maduro.
Acusação de terrorismo e homicídio
Segundo a imprensa venezuelana, López é acusado dos delitos de “associação, instigação para cometer delito, intimidação pública, incêndio a edifício público, danos a propriedade pública e lesões graves”, além de homicídio.
Na madrugada de domingo, militares armados invadiram a residência dele e também a dos seus pais, apresentando a ordem de prisão emitida pelo Ministério Público venezuelano contra o líder oposicionista.
Chamado de “covarde” por Maduro, López anunciou aos seus simpatizantes que levará “requerimentos muito complexos” que visam a “esclarecer a responsabilidade do Estado nos homicídios ocorridos”, sublinhando que “aí estão fotos, vídeos, provas irrefutáveis do que aconteceu naquele dia”.
Maduro instou López a se entregar às autoridades, acusando-o de haver treinado grupos violentos que vêm agitando as ruas de Caracas desde a quarta-feira passada, quando um protesto da oposição deu início à escalada de violência.
Oposição dividida
No domingo, quinto dia de protestos em Caracas e nas principais cidades do país, a polícia dispersou novamente os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo, mas os confrontos não se acirraram como nos dias anteriores.
Os distúrbios causaram inquietude na região e o Departamento de Estado dos EUA disse no sábado estar preocupado com a tensão que acompanha os protestos. Maduro, um ex-sindicalista de 51 anos, afirma que a oposição age com o governo americano para derrubá-lo e expulsou do país três diplomatas dos Estados Unidos neste fim de semana.
As manifestações são a última prova de força entre o governo e a oposição venezuelana, que protesta contra o declínio rápido da qualidade de vida no país produtor de petróleo, em meio a uma crise inflacionária, escassez de produtos e alta criminalidade.
Os protestos expuseram uma fratura dentro da oposição, onde a ala majoritária liderada por Henrique Capriles, que já foi duas vezes candidato à presidência, defende que a violência somente favorece o governo, enquanto outros grupos desejam posições mais radicais. (Com agências internacionais)