Prisão de Roberto Jefferson não encerra o Mensalão do PT, pois ainda há muito que se investigar

roberto_jefferson_13Lua quadrada – Delator do Mensalão do PT, maior e mais ousado escândalo de corrupção da história nacional, o ex-deputado federal Roberto Jefferson, que também participou do esquema criminoso, já está preso. Jefferson foi preso por policiais federais que desde o último sábado (22) faziam plantão diante da residência do mensaleiro e que aguardava a expedição do mandado de prisão.

Condenado a sete anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Roberto Jefferson foi o primeiro a falar publicamente sobre o esquema palaciano de cooptação de parlamentares no Congresso Nacional através do pagamento de mesadas. Em sua delação, Jefferson denunciou o ex-ministro José Dirceu, que encontra-se preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, juntamente com outros condenados na Ação Penal 470.

Jefferson recebeu o mandado de prisão da mão dos policiais federais e assinou o documento. Em seguida, o ex-deputado foi até o portão de sua casa, em Comendador Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro e disse aos jornalistas: “Como vocês estiveram dias e dias aqui na porta da minha casa, aqui está o mandado de prisão. Agora vou tomar um banho e descer com a PF (para o Rio de Janeiro). Boa tarde a vocês e desculpe o mau jeito.”

Horas antes, Roberto Jefferson criticou o longo tempo de espera até a chegada do mandado, mas ao receber o documento acabou minimizando a crítica: “[a demora] Faz parte da burocracia”.

De todos os mensaleiros presos até então, Jefferson foi o que esboçou maior tranquilidade, se é que assim pode ser classificado o seu comportamento. Histriônico, o delator do Mensalão do PT parecia se preparar para uma temporada em SPA de luxo, mas não é essa a realidade do sistema prisional brasileiro. Resta saber até quando Roberto Jefferson manterá essa postura soberba. O fato de ter delatado o criminoso esquema operado pelo governo Lula não reduz a sua culpa como implicado no caso.

É preciso avançar

Há quem diga que a prisão de Roberto Jefferson e o julgamento dos embargos infringentes encerram o imbróglio do Mensalão do PT, mas é preciso salientar que há muito que se investigar.

A Ação Penal 470, que ainda tramita no Supremo Tribunal Federal, precisa ser desdobrada para que outros envolvidos no escândalo sejam exemplarmente punidos. Uma análise mais apurada do esquema permite concluir que o Mensalão do PT tem conexões com o caso da morte do petista Celso Daniel, então prefeito de Santo André, e a Operação Satiagraha.

Apenas a título de exemplo, os empréstimos bancários do Mensalão não foram fraudulentos, como mencionaram o STF e a Procuradoria-Geral da República, mas fictícios, pois serviram para repatriar dinheiro de propina que estava depositado em contas bancárias abertas em paraísos fiscais.

Outra questão que deve ser analisada a funda é o conjunto de fontes de abastecimento do caixa do Mensalão do PT. O fio da meada é o superfaturamento de algumas campanhas publicitárias que estavam a cargo das agências de Marcos Valério. É nesse ponto que o escândalo cruza com a Operação Satiagraha.