Comandante de UPP baleado no RJ é mais uma vítima da inoperância do Planalto nas fronteiras do País

upp_rj_01Efeito cascata – Comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) de Manguinhos, no subúrbio do Rio de Janeiro, o capitão Gabriel Toledo foi baleado na perna no começo da noite desta quinta-feira (20), durante confronto com moradores do complexo de favelas que haviam ocupado um prédio abandonado. Os policiais tentavam promover a desocupação do imóvel, quando começou o tiroteio. Outro policial militar foi atingido por uma pedra atirada pelos moradores.

Por conta do confronto, os moradores de Manguinhos atearam fogo na base da UPP e a comunidade ficou sem energia elétrica. Gabriel Toledo foi levado para o Hospital Geral de Bonsucesso, mas deve ser transferido em breve para uma unidade hospitalar da Polícia Militar fluminense, onde passará por cirurgia para a retirada do projétil.

Nas últimas semanas, o projeto das UPPs vem registrando problemas seguidos, o que prova que o governo de Sérgio Cabral Filho (PMDB) errou ao ocupar as comunidades carentes com a presença de policiais, sem dar a devida contrapartida por meio de investimentos na área social.

Com a ausência do Estado durante décadas a fio, essas comunidades foram tomadas pelos traficantes, que durante anos supriram as comunidades locais em suas necessidades mais básicas. No momento em que o Estado se faz ausente e em seguida tenta recuperar o espaço perdido, confrontos com o crime organizado são inevitáveis. Se ações sociais não forem feitas em concomitância com a ocupação das comunidades carentes, a instalação das UPPs será apenas um factóide.

O que a grande imprensa teme noticiar é que o combate ao trafico de drogas é inócuo no Rio de Janeiro, assim como na maioria dos estados brasileiros, pois é impossível que os governos estaduais, a reboque de orçamentos engessados, consigam enfrentar a folga de caixa do crime organizado.

Esse cenário de caos e faroeste tropical decorre da inoperância do governo do PT, que insiste em não patrulhar adequadamente as fronteiras do País, por onde passam, à luz do dia, enormes quantidades de drogas e armamentos. A condescendência do Palácio do Planalto em elação às fronteiras nacionais está à sombra de questões ideológicas, uma vez que a Bolívia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) sobrevivem do negócio de entorpecentes. As FARC são dependentes do tráfico de drogas, enquanto a Bolívia é o maior produtor de pasta base de cocaína do planeta, sendo que boa parte do produto é direcionado ao mercado brasileiro.

Para que os leitores consigam compreender a dificuldade dos estados no enfrentamento com os traficantes, a Bolívia, sob a batuta de Evo Morales, elevou sua produção anual de pasta base de cocaína de 25 para 300 toneladas. Enquanto o governo brasileiro não assumir o seu papel e implantar nas fronteiras um patrulhamento ostensivo, não haverá UPP capaz de vencer o poderio dos traficantes nas comunidades carentes do País.