(*) Lucullus –
Serviço
O local à beira da praia, próximo do Bahia Marina e situado no bairro do Comércio, em Salvador, impressiona desde a entrada. Estacionamento privativo com manobrista é sempre bom.
Ao entrar no restaurante pela porta grande e bonita, nos deparamos com um local de elegância e bom “gusto”, respeitando a linguagem do que diz respeito à Bahia e ao Brasil. A vista linda da Bahia de Todos os Santos,e uma cálida recepção por parte do serviço.
Começou bem a tarde!
Escolhemos bem o dia e a hora, uma sexta-feira, lá pelas 14h30. Havia outros três casais quando chegamos. Segundo contaram amigos que moram em Salvador, o serviço lá perde quando organizam eventos na sala que fica à direita do bar, na entrada. No dia e hora que fomos o serviço foi quase impecável, mais adiante explicarei porque não foi 100%.
Pedi uma caipirinha e perguntei que frutas tinham. Abacaxi, Limão, Morango, Kiwi… As frutas óbvias que, literalmente, qualquer restaurante tem. Indaguei se não tinha alguma fruta exótica como seriguela ou jabuticaba; exótica na Europa, porque em Salvador deveria ser a coisa mais comum do mundo.
Estão fora de época, foi a resposta.
Sinto muito, mas perdeu pontos. Um restaurante à altura do Amado não pode dar essa resposta. Precisa ter sempre uma ou duas frutas exóticas disponíveis para caipirinhas. Eu teria no de prontidão no bar, caso fosse o meu restaurante. Achei um despreparo por parte deles. Posso pensar numa dúzia de frutas que eu, leigo e forasteiro, poderia arrematar se saísse procurando pelos mercados de Salvador…
Isso não me tirou o entusiasmo e perguntei que cervejas tinham. Stella Artois, Heineken, Bohemia e Baden Baden. Humm… E Colorado, não tem ? Lamento senhor.
Mais uma vez, um restaurante da estatura do Amado não pode ficar fora de uma tendência avassaladora no cenário atual brasileiro: as cervejas artesanais. De alguns anos para cá, não consigo mais tomar cervejas de massa, i.e. Skol, Brahma, Antartica, Bohemia, Itaipava, Stella Artois, Heineken, etc.
Tudo bem, a Baden Baden é uma cerveja semi-artesanal e decente, mas o Amado, reconhecendo o novo despertar das cervejas artesanais, deveria ter em seu carta mais do que uma marca das mesmas… Não é tão difícil identificar duas ou três marcas excelentes de cervejas brasileiras.
Next!
Pedimos o couvert (R$ 16 por pessoa). Muito bom! Pão gostoso e quentinho, várias pastinhas muito bem feitas e originais. Escabeche de tilapia bem delicado, ricota com pesto excelente e um tipo misto ou mistura de verduras salteadas. Normalmente acho o couvert caro e entediante, mas neste caso aprovei.
Éramos dois, pedimos dois petiscos e um prato principal para dividir e ficamos satisfeitos.
Petiscos
Camarão empanado na farofa de tapioca e vinagrete apimentado – Camarão grande de muito boa qualidade e sabor, a crocância da tapioca fantástica. O molho vinagrete apimentado harmonizou perfeitamente com o camarão. Digno do Amado.
Rolinhos de pato com molho de melado de maracujá – uns mini-rolinhos imperiais recheados com carne de pato, e esse molho maravilhoso com perfeito mix de doce e azedinho. Show de bola.
Prato principal
Moqueca de Badejo e camarão – Estamos na Bahia não é? Já provei a moqueca em pelo menos 20 lugares diferentes, e nos principais restaurantes especializados em moqueca. Posso dizer que a moqueca do Amado estava muito boa. Me surpreendeu. Veio já empratada e dividida em dois. Muito bem servida, saímos bem satisfeitos. Ingredientes de primeira qualidade, recomendo a qualquer um de meus amigos.
Infelizmente, não restou espaço para sobremesa, pelo que teremos de voltar com mais fome e espaço.
Café
Pedi um espresso, mas veio um café terrível. Tomei sem reclamar. Na saída vi uma máquina da Nespresso e perguntei se tinham me servido um desses. Sim, senhor. Ao que perguntei: Então, quando eu quiser um espresso tenho que especificar que não seja Nespresso? Sim, senhor.
Muito mal. Eles tinham uma máquina manual de espresso, café em grãos a serem moídos na hora, porque me serviram um Nespresso sem me perguntar se queria um Nespresso? A resposta deles é que a maioria das pessoas prefere Nespresso.
Lamento, mas não é meu problema se as pessoas gostam ou deixam de gostar o Nespresso. Eu pedi um espresso, e lá tinham uma máquina de espresso, então me tragam um espresso ou me perguntem antes se prefiro um café Nespresso.
Antes de sair, pedi ao barista que me fizesse um café espresso normal, da máquina. Ele moeu o grão na hora, me fez o café na máquina manual, e tomei um dos piores cafés que já tomei. Tão amargo que até tive de colocar açúcar. Pensei, então: depois do meu questionamento sobre o Nespresso vs Espresso, e este café horrível, espero que não me faça pagar por este café…
O barista se redimiu. Enquanto eu estava tomando o “café”, ele foi conversar com o garçom que me atendeu. Ao voltar, quando perguntei quanto era o café, disse-me que era cortesia da casa.
Sai satisfeito com o restaurante, o qual recomendo como o melhor de Salvador, com a ressalva de que ainda não conheço suficientes, mas creio que não estou longe da verdade.
Se resolvessem alguns pequenos defeitos, com certeza seria um extraordinário restaurante.
Serviço
Restaurante Amado (Bahia)
Rua Lafayete Coutinho 680 – Comércio – Salvador
(71) 3322-3520
www.amadobahia.com.br
(*) O autor, que assina com o pseudônimo de Lucullus, nasceu no Brasil, mas morou boa parte do início de sua vida na Espanha, numa época em que quase não havia estrangeiros por lá, muito menos brasileiros. Cresceu entre espanhois, comendo bem e vivenciando a salutar tradição do “tapeo” como um espanhol. Teve a fortuna de nascer numa família que sempre deu muita importância à gastronomia e, graças a isso, conheceu muitos dos restaurantes espanhóis notáveis, que depois vieram a ser mundialmente famosos, além, claro, dos inúmeros bares de tapas de uma simplicidade estarrecedora e que produzem manjares inigualáveis. Um dos seus hobbies preferidos é cozinhar. Dizem as más línguas que já teve uma breve experiência em uma cozinha profissional.
