Máquina de jogar – Joachim Löw surpreendeu na nomeação dos 30 jogadores que fazem parte do grupo provisório que vai à Copa do Mundo. Por cerca de 30 minutos, o técnico da seleção alemã ficou à disposição dos jornalistas nesta quinta-feira (8) e tentou justificar a lista com Khedira e Klose, mas sem Mario Gómez. Porém, os argumentos de Löw não demonstraram muita coerência.
“Atrás do nome de cada jogador, há um claro voto de confiança da comissão técnica”, começou confiante, para logo em seguida usar um tom mais diplomático: “Não é uma decisão contra um jogador específico, mas sim uma decisão visando o potencial máximo de nossa equipe. Sinto muito por cada jogador que não está na lista.”
Sabendo que as partidas no Brasil serão desgastantes devido ao calor e à umidade incomum para os europeus, o treinador focou as declarações no aspecto físico. Em março, Löw havia reclamado que apenas sete ou oito jogadores estavam em forma. Segundo o próprio treinador, a bronca surtiu efeito.
E com a frase “só vai à Copa quem está bem fisicamente”, Joachim Löw explicou a ausência de Mario Gómez. O atacante da Fiorentina ficou sete meses afastado dos gramados devido a uma séria lesão no joelho direito. “É claro que eu queria que Mario Gómez estivesse bem fisicamente. Ele ficou sete meses contundido e, desde setembro, jogou apenas 280 minutos. Portanto, acredito que ele talvez não consiga suportar as condições que o torneio exige.”
Um peso e duas medidas
Porém, Gómez não é o único atleta selecionável que enfrenta problemas físicos. Sami Khedira – rompimento dos ligamentos do joelho direito – e Miroslav Klose – rompimento muscular na coxa – se recuperam de lesões, mas receberam o voto de confiança de Löw.
“A personalidade e a qualidade em campo de Sami são indispensáveis. São poucos os jogadores que trabalham com tanta intensidade, disciplina e foco como Sami trabalhou em sua recuperação. E o Klose é conhecido por sempre alcançar o condicionamento físico ideal nos grandes torneios”, justificou Löw.
O critério técnico na escolha dos convocados tem uma base de argumentação frágil e arriscada. Se por um lado, Sami Khedira já retornou aos treinamentos no Real Madrid, Ilkay Gundugan, volante do Borussia Dortmund, também já saiu da reabilitação. Gundugan era titular até se contundir durante um amistoso pela seleção alemã no final do ano passado e não recebeu o mesmo “tratamento” de Löw. E, no papel, Löw está levando apenas dois atacantes: o experiente Klose e Kevin Volland, jovem atacante de 21 anos de idade do Hoffenheim.
E se faltam atacantes nessa lista de Löw, sobram nomes desconhecidos: “O elenco precisa estar equilibrado. Experiência, personalidade e liderança são elementos primordiais em uma Copa do Mundo. Assim como sangue novo”.
É verdade que, desses 30 nomes, sete serão cortados até o dia 2 de junho, mas também é certo que Erik Durm, Shkodran Mustafi, Leon Goretzka, Max Meyer, Matthias Ginter e André Hahn são apostas de Löw. O treinador acredita que algum destes jogadores conseguirá despontar no Mundial, já que tiveram uma evolução impressionante nos últimos meses.
Entre todos os jovens talentos, o único que ostenta uma relevante experiência internacional é Erik Durm. O lateral-esquerdo do Borussia Dortmund disputou nessa temporada sete partidas pela Liga dos Campeões, enfrentando, inclusive, o Real Madrid.
Sem Klose, quem será o atacante na Copa?
Ao todo, Joachim Löw convocou os três goleiros definitivos, dez defensores, 14 meio-campistas e apenas dois atacantes. A tendência, portanto, é que a Alemanha seja escalada em um 4-5-1, seguindo o esquema adotado pelo Bayern de Munique. Porém, as dúvidas para a equipe titular são grandes. Philipp Lahm na lateral esquerda ou de volante, como com Pep Guardiola? Özil, em baixa no Arsenal, mantém a titularidade? E entre Thomas Müller, Marco Reus e Mario Götze, quem fica no banco?
E o que acontece se Miroslav Klose se machucar no Mundial? Apostará no jovem Volland, torcerá para que André Schürrle resolva o problema ou improvisará Thomas Müller no comando de ataque? Assim como o Brasil, a Alemanha sempre primou por excelentes atacantes e, novamente assim como a seleção brasileira, tem exatamente nessa posição a sua maior preocupação. Para quem apostou em um volante em recuperação, certamente poderia, e deveria, ter arriscado no ataque.
A lista preliminar de Joachim Löw
Goleiros: Manuel Neuer (Bayern de Munique), Roman Weidenfeller (Borussia Dortmund), Ron-Robert Zieler (Hannover 96)
Zagueiros: Jérôme Boateng (Bayern de Munique), Philipp Lahm (Bayern de Munique), Erik Durm (Borussia Dortmund), Mats Hummels (Borussia Dortmund), Marcel Schmelzer (Borussia Dortmund), Matthias Ginter (Freiburg), Benedikt Höwedes (Schalke 04), Marcell Jansen (Hamburgo), Per Mertesacker (Arsenal – Inglaterra), Shkodran Mustafi (Sampdoria Genua – Itália)
Meio-campistas: Kevin Großkreutz (Borussia Dortmund), Lars Bender (Bayer Leverkusen), Julian Draxler (Schalke 04), Leon Goretzka (Schalke 04), Max Meyer (Schalke 04), Mario Götze (Bayern de Munique), Toni Kroos (Bayern de Munique), Thomas Müller (Bayern de Munique), Bastian Schweinsteiger (Bayern de Munique), André Hahn (Augsburg), Sami Khedira (Real Madrid – Espanha), Mesut Özil (Arsenal – Inglaterra), Lukas Podolski (Arsenal – Inglaterra), Marco Reus (Borussia Dortmund), André Schürrle (Chelsea – Inglaterra)
Atacantes: Miroslav Klose (Lazio – Itália), Kevin Volland (Hoffenheim)