“A administração Erdogan tem se distanciado dramaticamente de todos os valores básicos europeus”, afirmou Schulz, no debate televisionado pela emissora pública alemã ARD. “Quem proíbe o Twitter, não entendeu o futuro”, concordou o democrata-cristão Juncker. Ambos, entretanto, acreditam que haja uma perspectiva de integração do país em longo prazo.
“A Turquia tem de se tornar mais democrática”, alertou Juncker, referindo-se a recentes medidas de censura implementadas pelo primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, e às ações da polícia turca contra manifestantes. “As negociações de adesão à UE devem, entretanto, continuar”, ponderou o ex-ministro de Luxemburgo, observando que isso “fará bem ao progresso democrático na Turquia”.
A UE e a Turquia negociam uma associação do país ao bloco desde 2005. Desde 1999, a Turquia tem o status de candidato oficial. Atualmente, a União Europeia tem 28 países-membros. No debate, Juncker disse que nenhum outro país entrará no bloco nos próximos cinco anos e que a principal questão agora é “consolidar os fundamentos da União Europeia”.
Posições semelhantes
A poucos dias das eleições para o Parlamento Europeu, os dois candidatos demonstraram ter posições semelhantes na maioria das questões. Ambos os líderes enfatizaram que o planejado acordo de livre comércio entre UE e Estados Unidos não deve conduzir a uma diluição das normas europeias, como as que regulam os direitos do consumidor ou a proteção de dados privados. Os dois candidatos concordam que deve haver uma proteção dos “valores europeus”.
Ambos os candidatos pediram mais solidariedade em relação aos países do sul da UE – como Itália, Malta e Espanha – por causa dos frequentes dramas de refugiados, que arriscam a vida para chegar ao bloco pelo Mediterrâneo. “Não devemos deixar esses países sozinhos”, disse Schulz.
Ele também propôs uma lei europeia de imigração, argumentando que a UE deve desenvolver regulamentos similares aos dos EUA, do Canadá e da Austrália. “Isso não significa que todos possam vir para a UE, mas todos devem ter uma chance”, destacou o social-democrata, pedindo cotas de imigração a serem estipuladas por cada país do bloco.
Juncker afirmou que a UE deve “regular a imigração legal” e pediu que a UE amplie a ajuda ao desenvolvimento às nações menos desenvolvidas, como as africanas, para tentar conter o fluxo migratório em direção à Europa.
Eleições começam quinta-feira
Pela primeira vez, os principais nomes nas eleições europeias são candidatos ao cargo de presidente da Comissão Europeia. Mas, para assumir o cargo, eles precisam receber a aprovação do novo Parlamento Europeu. A escolha do novo presidente da Comissão, baseada na indicação do Parlamento e a ser tomada pelos líderes nacionais, está prevista para meados de julho, em Estrasburgo.
As votações para o Parlamento Europeu começam nesta quinta-feira, na Holanda e no Reino Unido. Elas terminam no domingo, quando votam os cidadãos na Alemanha e na maioria dos outros países da UE. Cerca de 400 milhões de cidadãos da UE são convocados a eleger 751 deputados dos 28 países do bloco. De acordo com as últimas pesquisas, a taxa de participação pode ser ainda menor do que os 43% de cinco anos atrás. (Com agências internacionais)