CPMI tem a tarefa de desbaratar quadrilha que se infiltrou na Petrobras, afirma deputado

petrobras_01Derrubando o esquema – Desbaratar a quadrilha que se infiltrou na Petrobras, identificando seus integrantes, cúmplices, métodos de ação e volume de recursos desviados. Essa é a missão maior da CPI Mista que será instalada, na próxima semana, no Congresso Nacional, avalia o deputado federal Rubens Bueno (PR), líder do PPS na Câmara.

Na opinião de Bueno, o fato de a Polícia Federal considerar a existência de uma organização criminosa no seio da petroleira dá mais força àqueles que realmente desejam desvendar o escândalo, cuja extensão deve ser maior do que a revelada até agora. Isso porque o imbróglio que se formou a partir da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, é descomunal.

O líder do PPS admite que cumprir tal tarefa não será fácil, já que o governo vem trabalhando de forma covarde para impedir qualquer tipo de apuração mais aprofundada. “Vamos enfrentar todo o tipo de barreira, de tentativa de acordão, de pressões por parte de empreiteiras. Mas a vantagem é que a sociedade vai perceber com clareza quem é contra, quem é a favor da investigação e quem estará ali apenas para fingir que deseja apurar. Ou seja, os que se preparam para assar mais uma pizza sofrerão uma pressão da sociedade em pleno ano eleitoral e isso vai pesar muito”, afirmou o parlamentar.

O que já era grave apenas com o escândalo da refinaria de Pasadena tornou-se ainda pior porque a Polícia Federal suspeita de um esquema de lavagem de dinheiro para enviar recursos desviados da estatal para o exterior, o que mostra que os que defenderam a CPMI agiram em cima de fatos e não por interesse eleitoral, como alega o Palácio do Planalto e o PT. “É missão do parlamento fiscalizar os atos do Executivo. Diante da série de denúncias contra os negócios da Petrobras, inclusive com envolvimento do nome da presidente Dilma Rousseff no caso da compra da refinaria de Pasadena, não havia outro caminho a trilhar. Do contrário, seríamos omissos”, ressaltou.

Empreiteiras na mira

Rubens Bueno também considera que a CPMI deve ter foco nos negócios entre a estatal e empreiteiras. Para o parlamentar, a operação Lava Jato da Polícia Federal já apontou diversas ações incestuosas entre o doleiro Alberto Youssef, empresas, políticos, conselheiros, diretores e ex-diretores da Petrobras, como Paulo Roberto Costa.

“A CPI Mista tem que percorrer o caminho inverso do que está acontecendo no Senado. Primeiro temos que quebrar os sigilos de todos os suspeitos de irregularidades. E aí entram políticos, diretores da Petrobras, intermediadores, como o doleiro Youssef, e as empreiteiras. Afinal, tudo indica que os pagamentos de propina e as remessas ilegais para o exterior têm como origem contratos superfaturados da estatal com grandes construtoras e outras empresas”, defendeu o líder do PPS.

Rubens Bueno ressaltou ainda que a imprensa tem mostrado com clareza essas ligações suspeitas e a Polícia Federal indica que a fonte de todas as irregularidades seriam as licitações direcionadas e os aditivos contratuais. “A CPI da Petrobras tem obrigação de aprofundar isso. Não adianta nada começar ouvindo as mesmas pessoas que já falaram por diversas vezes no Congresso. Não custa lembrar como terminou a CPI do Cachoeira, sepultada quando a investigação foi além da construtora Delta e apontou para outras grandes empreiteiras”, relembrou o deputado.

Investigações da operação Lava Jato apontam, por exemplo, que o doleiro Youssef tinha acesso livre, e inclusive trocava mensagens e telefonemas, com presidentes e diretores das maiores empreiteiras do país. São citadas empresas como a Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, UTC/Constran, entre outras. Há também uma gama de empresas ligadas ao ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa.

“Essa investigação também é uma oportunidade para que as empresas apresentem suas explicações, rebatam acusações, enfim, discutam com transparência os seus negócios com o governo. Afinal, acredito que nenhuma empreiteira deseja ficar sob suspeita”, finalizou o parlamentar.