Ministério Público pede afastamento de conselheiro Tribunal de Contas de SP suspeito de propina

robson_marinho_01Antes tarde – Demorou, mas acabou acontecendo. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) solicitou o afastamento de Robson Marinho do Tribunal de Contas paulista, depois de uma enxurrada de acusações de recebimento de propina, algumas confirmadas por autoridades suíças, inclusive com bloqueio de contas bancárias no país europeu.

Os promotores investigam se Marinho recebeu propina da empresa francesa Alstom para votar a favor de um contrato com estatais sem licitação, na época em que ocupava a Casa Civil no governo do tucano Mário Covas.

A Justiça da Suíça garante ter provas incontestáveis de que uma conta em nome de Robson Marinho naquele país recebeu US$ 2,7 milhões, de 1998 a 2005, sendo que parte desse dinheiro foi depositada por consultores que cumpriam ordens da direção da Alstom.

“Em função da gravidade dos documentos recebidos e do que nós já tínhamos, resolvemos propor uma medida cautelar pedindo o afastamento do cargo de conselheiro tendo em vista a gravidade dos fatos apurados”, disse, nesta sexta-feira (23), o promotor Silvio Marques, o mesmo que investigou o escândalo envolvendo o ex-prefeito e agora deputado federal Paulo Salim Maluf.

Os promotores investigam o patrimônio de Robson Marinho – casas luxuosas e uma ilha em Paraty, no litoral sul fluminense – que não combina com o salário de R$ 26,5 mil brutos pagos pelo Tribunal de Contas. O mais interessante nesse bisonho caso, com direito a patrimônio meteórico e descabido, é que Marinho é dono de um luxuoso prédio comercial no centro de São José dos Campos, importante cidade do Vale do Paraíba, no interior paulista, que está alugado para o Ministério Público Federal, que se ainda não o investiga em algum momento acabará adentrando à investigação.

“É de extrema gravidade o que foi apurado. As provas são extremamente robustas e não se pode admitir que uma pessoa que venha julgar as contas públicas do estado e dos municípios do estado de São Paulo durante o dia e durante a noite movimente secretamente valores na Suíça”, disse o promotor José Carlos Blat.

Na edição de 11 de março de 2014, o ucho.info cobrou do governador Geraldo Alckmin (PSDB) uma postura mais célere e dura em relação a Robson Marinho, inclusive sugerindo que o mesmo deveria ser afastado do Tribunal de Contas do Estado, sob pena de termos uma situação que a sabedoria popular diz tratar-se da raposa tomando conta do galinheiro. Como Marinho é um tucano de fina plumagem, porém fétida, Alckmin preferiu o silêncio obsequioso diante do escândalo, mas o governador deveria ter se posicionado sobre o imbróglio, mesmo que não tenha poder de ingerência no TCE-SP.

Afastar Robson Marinho não seria condená-lo por antecipação, por mais que a opinião pública assim entendesse, mas preservar a instituição (TCE-SP) e o próprio currículo do acusado. Itamar Franco, então presidente da República, afastou da Casa Civil, após denúncias, seu amigo de décadas, o mineiro Henrique Hargreaves, ao mesmo tempo em que solicitou à Polícia Federal profunda investigação do caso. Nada foi provado contra Hargreaves, que voltou ao cargo ainda mais forte.

O grande erro dos políticos brasileiros da atualidade é que eles não sabem fazer política como nos e muito menos aproveitar as oportunidades de ouro que aparecem ao longo do caminho. Era o caso de Geraldo Alckmin trabalhar pelo afastamento do conselheiro, provando aos adversários a transparência do seu governo.