Quebra-cabeça da economia mostra a irresponsabilidade do governo e a omissão preguiçosa da imprensa

crise_21Faltando peça – Sempre preocupada e garimpar manchetes, de preferência que tenha escândalos na proa, a grande imprensa nacional presta um desserviço do País ao noticiar fatos de maneira pontual e ignorando a conexão dos mesmos, o que poderia esclarecer a opinião pública sobre a real situação do Brasil.

Quando o assunto é a crise econômica que se instalou no País no vácuo da incompetência que reina no Palácio do Planalto, qualquer matéria jornalística deve ser burilada com calma e atenção, pois a radiografia está nos detalhes e nas conexões entre os fatos.

Na quarta-feira (25), noticiou-se que em junho a inadimplência das famílias brasileiras apresentou um recuo. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a queda foi de 0,2 ponto percentual. Segundo dados da pesquisa, 62,5% dos entrevistados declararam ter dívidas, como cheque pré-datado, cartão de crédito ou cheque especial, entre outros. Na comparação com junho de 2013, a queda foi maior, de 0,5 ponto percentual, quando 63% das famílias admitiram estar endividadas.

A grande questão é que a suposta diminuição do endividamento das famílias tem explicações que ultrapassam a notícia em si. A taxa média de juro ao consumidor (pessoa física) em empréstimos bancários alcançou a incrível marca de 42,5% ao ano, a maior desde julho de 2011. Essa taxa é nominal, podendo aumentar sobremaneira em caso de atraso na liquidação do crédito. Por conta disso, o brasileiro, que continua sendo empurrado pelo governo na vala do consumismo, resolveu apelar a uma modalidade informal e tipicamente brasileira de crédito: o cheque pré-datado.

Acontece que aumentou o volume de cheques devolvidos, pela segunda vez, por insuficiência de fundos. De acordo com a Serasa Experian, o índice de cheques devolvidos chegou a 2,17% em maio. No período foram devolvidos 1.376.096 cheques e compensados 63.506.394. Em maio de 2013, o índice ficou em 2,15%, enquanto que em abril deste ano a marca foi de 2,13%. No acumulado dos primeiros cinco meses do ano, a taxa alcança 2,12%, superior à devolução de 2,10% no mesmo período de 2013.

Os especialistas alegam que o movimento de alta é fruto das compras do Dia das Mães. Na verdade, os consumidores esgotaram os respectivos limites de crédito e passaram a usar o cheque pré-datado como forma de continuar consumindo. Essa alternativa informal de crédito pode ter impactado na elevação da confiança do consumidor. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 1% de maio para junho deste ano, passando de 102,8 para 103,8 pontos.

Divulgados pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, os dados do levantamento mostram que em junho a avaliação dos consumidores à situação atual é ligeiramente melhor, mas não o suficiente para inverter a tendência de queda do indicador que começou em novembro de 2013.

Que os consumidores mudaram os hábitos todos sabem, mas é preciso saber até que ponto o governo manterá a população no precipício do endividamento. A onda de consumismo não sem mantém por conta da riqueza produzida pelo indivíduo, mas, sim, na esteira do chamado crédito fácil, concedido de forma irresponsável por pressão das autoridades do governo federal.

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