Paz distante – Mesmo após o fim do cessar-fogo, a chanceler alemã Angela Merkel continua apostando em uma solução política para o conflito no leste da Ucrânia. Em reunião com o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, nesta quarta-feira (2), em Berlim, ambos manifestaram preocupação com a situação no país.
“Não deixaremos de buscar uma solução diplomática. Mas ainda não chegamos aonde gostaríamos”, declarou Merkel. Para a chanceler é “lamentável” que durante os dez dias de cessar-fogo, encerrados nesta segunda-feira, não ter sido verificada “nenhuma reação significativa” ao plano de paz do presidente ucraniano, Petro Poroshenko, e que o cessar-fogo não tenha sido aceito pelos separatistas.
Merkel também alertou Moscou que sanções econômicas continuam sendo uma opção. A União Europeia e os Estados Unidos ameaçaram aplicar sanções à economia russa, a não ser que o país controle os separatistas no leste da Ucrânia. O governo de Vladimir Putin nega apoiá-los.
Rasmussen pediu que o governo russo “repense seu rumo”, o qual, segundo ele, ameaça “a segurança conquistada após a queda do Muro de Berlim”. “Ninguém quer voltar à Europa da Guerra Fria”, disse. Segundo o líder da Otan, a Rússia precisa trabalhar para reconquistar a confiança dos países ocidentais.
No momento, a cooperação da Otan com a Rússia está congelada, mas, segundo Merkel, há a intenção de “um dia” retomar o contato direto com Moscou. Rasmussen reiterou que todas as medidas de sua organização são “de natureza política e de defesa” e “apropriadas”.
Caso necessário, mais passos terão de ser dados, para garantir a segurança dos países parceiros na região, nos quais a Aliança Atlântica já aumentou sua presença, prosseguiu Rasmussen. Desde o início da crise na Ucrânia, sobretudo a Polônia pede pontos de apoio permanentes da Otan em seu território. Decisões sobre os parceiros na região são aguardadas para a reunião de cúpula da organização em setembro, no País de Gales.
Explosão de violência
Os ministros do Exterior da Alemanha, da França, da Ucrânia e da Rússia também se reuniram nesta quarta-feira em Berlim, para discutir a crise ucraniana e medidas visando um cessar-fogo. O ministro alemão Frank-Walter Steinmeier alertou sobre o potencial explosivo no leste da Ucrânia.
“Pode haver a qualquer momento uma explosão de violência, que não poderia ser controlada nem política nem militarmente”, observou, antes do encontro. Agora precisam ser usadas “as últimas possibilidades” para tentar impedir tal escalada.
Para Steinmeier, a presença dos colegas russo e ucraniano, Serguei Lavrov e Pavel Klimkin, mostra disposição para discutir “passos para uma distensão”, o que já é um bom sinal. “Seria bom se chegássemos a um consenso sobre os passos para um cessar-fogo sustentável, de ambas as partes”, disse o ministro alemão, ressalvando que tal empreendimento não é nada fácil.
Steinmeier e seu colega de pasta francês, Laurent Fabius, já atuaram juntos como mediadores mais de uma vez, desde o início do conflito na Ucrânia. (Com agências internacionais)