Tudo errado – Na terça-feira (8), dia em que a seleção brasileira enfrenta o onze alemão na tentativa de chegar à final da desnecessária Copa do Mundo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará a inflação oficial de junho. As expectativas apontam na direção de uma diminuição do mais temido fantasma da economia, movimento creditado em especial à queda nos preços dos alimentos. De tal modo, o IPCA de junho deve ficar em 0,4%, contra 0,46% de maio.
De acordo com levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o preço da cesta básica recuou em dez das dezoito capitais pesquisadas.
Apesar de o IPCA de junho ter registrado um recuo, o índice no acumulado de doze meses deve estourar o teto de 6,5% do plano de metas estabelecido pelo governo federal. Isso porque no cálculo sairá da somatória o IPCA de junho de 2013, que foi de 0,26%, abrindo espaço para o mesmo mês deste ano, que deve girar na casa de 0,4%. Ou seja, o resultado final será maior.
Enquanto o governo se apoia na estatística para afinar os discursos mentirosos que são despejados sobre a parcela desavisada da população, a matemática do cotidiano mostra uma realidade diferente. Isso porque os preços dos alimentos só caíram em decorrência do acanhamento do consumidor, que retorna lentamente o ritmo anterior de compra no vácuo de produtos supostamente idênticos, mas com qualidade inferior. Esse é um assunto que o ucho.info acompanha há anos e que vem sendo usado pela indústria de alimentos e de produtos de higiene e limpeza para mascarar a realidade. O melhor exemplo desse truque é o papel higiênico, que está cada vez mais fino sem que o preço acompanhe esse processo de anorexia.
O assustador enigma dessa história macabra protagonizada pela inflação está a cargo do salário mínimo, fixado pelo governo em R$ 724, valor que o PT considera uma conquista. O mesmo IBGE divulgou, há meses, que dois terços da população brasileira recebem mensalmente menos de dois salários mínimos. O que explica os elevados índices de endividamento e de inadimplência das famílias. Esse cenário obrigou o governo do PT a reinventar a classe média brasileira, pois do contrário uma revolta popular seria inevitável, uma vez que Lula empurrou os incautos ao consumismo.
Sempre usado no passado de oposição como amparo à gritaria petista contra o salário do trabalhador, o Dieese considera que o salário mínimo ideal em junho deste ano deveria ser de R$ 2.979,25, que equivale a pouco mais de 4 vezes o valor da mais rasa remuneração vigente no País. Em números absolutos, para que o salário mínimo atual chegasse ao sugerido pelo Dieese seria necessário acrescentar a bagatela de R$ 2.255,25.
Tendo o período fechado de trinta dias como cenário de análise, sempre com base nos dados do Dieese, o salário mínimo atual (R$ 724) é suficiente para que o trabalhador viva em condições dignas durante apenas uma semana. Mesmo assim, Dilma Vana Rousseff, a falsa milagreira do Planalto Central, quer se reeleger no vácuo dos discursos “mudar para melhor” e “quem fez continuará fazendo”.