(*) Arnaldo Jardim –
É preciso ultrapassar os limites pelo Brasil, como insinua o lema de São Paulo em seu brasão (Pro Brasilia fiant eximia). E a Revolução Constitucionalista de 1932, que se comemora a cada 9 de Julho, teve o mérito nacional de propor uma nova ordem para o País, consagrada finalmente na Constituição de 1934, marco do direito de voto às mulheres, do sufrágio popular secreto, e da primeira legislação trabalhista do Brasil.
O Brasil deve definir prioridades. E nesse sentido, sem bairrismos ou prepotência, vale voltar os olhos para a dinâmica e a pluralidade paulista na busca incessante do ordenamento democrático e da permanente preocupação com o desenvolvimento.
Até o final deste ano, por exemplo, mais de 350 mil crianças e adolescentes paulistas estarão estudando em tempo integral, orientados por professores que trabalham com dedicação exclusiva e salários 75% maiores. Estamos longe de resolver os sérios gargalos da educação brasileira, mas tendo maior contingente escolar, já temos o segundo melhor ensino médio e o terceiro melhor ensino fundamental do País.
Com um PIB per capita de U$ 19.000 (contra o PIB per capita brasileiro de US$ 10.710), São Paulo tem hoje mais de duas centenas de escolas técnicas e mais de 50 faculdades tecnológicas em processo contínuo básico para a inovação tecnológica que se somam às mais de 500 instituições de ensino superior localizadas no estado e responsáveis por mais de 50% da produção científica brasileira.
São Paulo é a 19ª maio economia do mundo, a 2ª maior da América do Sul. É o primeiro produtor mundial de açúcar, de etanol de cana-de-açúcar e de suco de laranja, além de concentrar a maior parte da produção industrial brasileira. Nos últimos 21 anos a mortalidade infantil baixou 63% e em 2010 a expectativa de vida dos paulistas chegou aos 75,1 anos.
O ajuste das contas públicas, promovido a partir da continuidade de gestões e responsáveis permitirá investimentos de R$ 143,6 bilhões entre 2012 e 2015, nas áreas de saneamento, mobilidade, habitação, energia, saúde e habitação, conforme o plano plurianual do estado.
Assim a experiência de desenvolvimento paulista e o anseio por mudanças consistentes podem ser semeados entre os brasileiros de todos os quadrantes para inaugurar uma nova etapa e buscar um novo modelo econômico para um ciclo de crescimento.
Entre as novas prioridades devem estar a limitação drástica do crescimento de gastos correntes do setor público; a abertura da economia; o estímulo real ao ambiente de competição e modernização; a opção pela produtividade. Precisamos de política industrial estruturada, nacional, com responsabilidades claras sobre a composição do produto nacional e a geração de novos empregos; com cadeias adensadas e investimentos concorrentes para a transformação nacional de insumos agropecuários e minerais, a realização de reformas estruturais. É imperioso olhar para o futuro com detalhes e efetivamente construí-lo. Os brasileiros não só têm o direito como a necessidade de saber o que lhes cabem nas mudanças e na construção desse país que precisa de desenvolvimento econômico sustentável e ampla inclusão cidadã.
Mais do que discursos e receitas, entretanto devemos localizar na política as pessoas e os partidos com substância, e capacidade para liderar transformações como foram as das lutas pelas eleições diretas, o ataque frontal à inflação e o lançamento das bases da estabilidade econômica, os primeiros movimentos para resgatar da miséria e das condições indignas de vida boa parte dos brasileiros. São Paulo reuniu 300 mil pessoas, na Praça da Sé, no primeiro comício de porte pelas Diretas Já, em 25 de janeiro de 1984. E um milhão e meio de cidadãos, no dia 16 de abril seguinte, na maior manifestação democrática pelas eleições diretas e continua a ser centro dinâmico das transformações econômicas, sociais e culturais do país.
É preciso ultrapassar os limites, fortalecer lideranças comprometidas com as raízes das mudanças e assim sermos capazes de fazer a diferença!
(*) Arnaldo Jardim é deputado federal pelo PPS de São Paulo.