Festa boa é nos palácios

(*) Carlos Brickmann –

carlos_brickmann_13Comemorar nos estádios, nos bares, nas ruas, em casa? Bobagem: boas comemorações não dependem de estádios (embora algumas tenham como origem a construção de estádios e outras obras da Copa), nem de vitórias, nem de craques. Taça boa, mesmo, é aquela em que se servem os finos vinhos de Champagne.

A festa pode começar com Cláudia Petuba, presidente estadual do PCdoB de Alagoas. Como ela informa, “Collor é um grande exemplo de luta em defesa de Alagoas e um dos mais importantes senadores do país, ajudando a presidente Dilma a fazer um Governo amplo, que chega aos quatro cantos do Brasil”. Collor e Dilma, PT collorido. São tão próximos que o PTB de Collor apoia Aécio, mas Collor abriu dissidência em favor de Dilma, para continuar amigo dos amigos.

Tapetão? Tapetão bom é o que permitiu ao ex-senador Demóstenes Torres, ex-DEM, cassado pelo Senado por ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, continuar como procurador do Ministério Público de Goiás, com salário integral – perto de R$ 25 mil mensais, embora não possa trabalhar. Tinha sido afastado por conduta incompatível com o cargo, mas voltou graças a uma decisão do Supremo. Está livre da maldição bíblica, pois ganha o pão sem o suor de seu rosto.

O ápice da festa é José Roberto Arruda. Renunciou para não ser cassado pelo Senado, foi o primeiro governador preso durante o mandato (quando o filmaram recebendo propina), perdeu o cargo. É candidato de novo ao Governo de Brasília, pelo PR, e tem chances. Apesar de tudo, acredite, Arruda não é ficha-suja.

Racismo explícito

Alguém que se assina Fernando Moura, tem como twitter @CheMoura e se diz presidente da Juventude do PT divulga ataques racistas contra judeus. Jefferson Lima, secretário nacional de Juventude do PT, diz que o perfil de Moura é falso e que repudia os ataques.

Simples: se um perfil falso usa indevidamente o nome do PT, o partido deve pedir investigações para identificá-lo e excluí-lo. Há um Fernando Moura, com endereço @CheMoura, escrevendo no Facebook desde julho de 2011. Diz-se presidente da Juventude Petista, e até agora, três anos depois, ninguém o desmentiu. Troca seguidas mensagens com Carlos Latuff, que participou, a convite do Irã, de um concurso de charges ironizando o Holocausto.

O crime do falso perfil

O Tribunal de Justiça de Minas acaba de decidir que criar perfil falso em rede social é ilegal, e gera indenização por dano moral. Importante: há exércitos virtuais envolvidos na campanha eleitoral e, para amplificar sua força, usam perfis falsos. Pode dar processo e pagamento de indenização que pode ser alta.

Campanha explosiva

A Polícia paulista encontrou duas bananas de dinamite coladas numa das colunas da estrutura do monotrilho da Linha 15 – Prata, na Zona Leste da Capital. Era dinamite; mas sem detonador, sem o qual não há explosão. A dúvida: se não era para explodir, por que a dinamite foi colocada na estrutura do monotrilho? A resposta pode ser apavorante: o recado de que a obra (como qualquer estrutura pública) está sujeita a atentados. E quem daria esse recado?

A resposta pode ser ainda mais apavorante, numa cidade em que narcotraficantes presos dão ordens.

O dilema da oposição

Aécio Neves, do PSDB, distanciou-se dos demais candidatos oposicionistas. É bom para ele, por se transformar no principal símbolo da oposição ao Governo petista de Dilma Rousseff; mas também é ruim, porque o crescimento de Eduardo Campos, do PSB, é essencial para minar as bases de Dilma no Nordeste. Se Campos, nordestino, governador bem avaliado de Pernambuco, não retirar votos de Dilma no Nordeste, a vantagem da presidente terá de ser descontada inteiramente no Sul e Sudeste, apenas por Aécio.

Uma tarefa muito mais difícil.

Divirta-se

A Justiça de Sergipe condenou a TIM a pagar R$ 15 milhões por propaganda enganosa. A acusação é de que a operadora vendeu pacotes de internet móvel de banda larga sem ter tecnologia para alcançar a velocidade prometida. Excelente – até porque, numa benevolência inacreditável, a lei brasileira permite que as empresas de Internet entreguem apenas 30% da velocidade que venderam e pela qual cobraram. É como comprar um litro de água, receber uma garrafinha de 300 ml e tudo bem. O problema é saber se a multa será cobrada.

O responsável pela cobrança, o Papai Noel, garante que as empresas multadas terão de pagar.

Um dia, talvez

Antes de ler, verifique se está sentado numa cadeira sólida, daquelas que não vão quebrar com seus acessos de riso. Já está em vigor uma nova norma oficial sobre serviços de telecomunicações: quando a ligação cair, quem retornará o telefonema será a empresa, não o cliente. O objetivo, segundo a Anatel, “é aumentar a transparência nas relações entre consumidores e operadoras de telefonia fixa, móvel, multimídia e TV por assinatura”.

Algo como “vamos estar retornando sua ligação se o telefonema estiver apresentando interrupções”. E se a empresa não retornar? O caro leitor poderá reclamar ao Dunga – não o campeão do mundo, mas o anão da Branca de Neve. Aquele que não existe.

E que é mudo.

(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.

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