Dilma age como carpideira oportunista ao falar sobre a trágica morte de Eduardo Campos

eduardo_campos_14Lixa grossa – Quando tragédias acontecem no meio político, sempre há os que por conveniência mudam o semblante e derramam lágrimas mentirosas. É o caso da presidente Dilma Vana Rousseff, candidata à reeleição, que na tarde desta quarta-feira, em pronunciamento no Palácio do Planalto, falou sobre a trágica morte de Eduardo Campos, até então seu adversário na corrida presidencial.

Sem se recordar dos golpes sujos e baixos deflagrados pelo seu próprio governo contra Eduardo Campos, a presidente da República, em determinado trecho do pronunciamento, abusou da insensatez e disparou: “Sem sombra de dúvidas é uma perda. Para além das nossas divergências, nós mantivemos sempre uma forte relação de respeito mútuo”.

O exercício da política exige de seus agentes que a desfaçatez esteja sempre a postos, porque sem esse ingrediente a farsa não tem como seguir adiante. Se não estiver sofrendo de amnésia, Dilma certamente continua um poço de ousadia desmedida. Os brasileiros de bem que acompanham a política nacional ainda se recordam da reação do Palácio do Planalto e do PT por ocasião da decisão de Eduardo Campos de se opor à Medida Provisória dos Portos, situação que se repetiu quando ele decidiu deixar o governo Dilma e embarcar em seu projeto de disputar a Presidência da República.

Sob a sombra da ameaça político-eleitoral, Lula e Dilma arquitetaram uma operação imunda contra o então governador de Pernambuco, que teve de enfrentar “arapongagem” no porto de Suape, além das seguidas acusações acerca da sua administração. EM suma, da parte de Dilma jamais houve a anunciada “relação de respeito mútuo”.

Voltando no tempo

Para que os leitores consigam avaliar a extensão da desfaçatez de Dilma Rousseff, em 4 de abril de 2013 o líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), e o deputado federal Almeida Lima (PPS-SE) protocolaram, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, requerimento (REQ-229/2013) pedindo a convocação da então ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, do chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, general José Elito Carvalho Siqueira, e do diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Wilson Roberto Trezza, para que explicassem os motivos que levaram o governo do PT a montar um esquema de monitoramento, com a infiltração de “arapongas” no Porto de Suape, em Pernambuco, para vigiar movimentações sindicais e políticas.

De acordo com reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, à época, o setor de inteligência do Palácio do Planalto tinha como alvo, além de sindicalistas, as ações do governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) em defesa do porto. Na ocasião, Campos já se apresentava ao eleitorado nacional como possível candidato à Presidência da República.

“Depois de a presidente Dilma declarar que em eleição pode se fazer o diabo, temos que tomar todo o cuidado com o uso do aparato de inteligência do Estado. É óbvio que o governo precisa saber o que está acontecendo no país, mas é necessário debater quais os limites para isso. Temos que estar seguros de que essa movimentação em Pernambuco não tem como pano de fundo interesses ligados às eleições de 2014. Por isso é necessário que os ministros e o chefe da Abin venham à Câmara o mais rápido possível para explicar toda essa situação”, ponderou, à época, o líder do PPS.

Na reportagem, o “Estado de S. Paulo” afirmou que o setor de inteligência do governo do PT apurou que trabalhadores que se uniram a Eduardo Campos contra a Medida Provisória dos Portos podem decretar greve geral. O governador pernambucano lidera o movimento opositor à MP, que retira a autonomia dos estados de licitar novos terminais portuários de carga. No mesmo dia, o Palácio do Planalto divulgou nota negando o conteúdo da matéria jornalística.

Óleo de peroba

De boa samaritana Dilma Rousseff nada tem, Aliás, sua presença na inauguração do Templo de Salomão, em São Paulo, principal reduto de fé dos evangélicos da Igreja Universal do Reino de Deus, foi uma aberração, se considerado o discurso pretérito da candidata petista a favor do aborto, que gerou confusão na eleição de 2010 e na sequência contou com o “pano quente” de Gabriel Chalita, que amenizou a revolta dos católicos.

A presidente pode até querer enganar a parcela incauta da opinião pública com o um semblante entristecido de encomenda, mas no íntimo está a esfregar as mãos porque o adversário que poderia levar a disputa ao segundo turno saiu de cena por um trágico capítulo do destino.

À candidata petista e ao próprio PT interessa essa comoção que toma conta do País, mas não será uma carpideira oportunista a pegar carona na dor de uma família que chora a perda de um pai, de um marido, de um irmão e de um filho.

Confira abaixo a íntegra do pronunciamento da presidente Dilma Rousseff acerca da morte de Eduardo Campos

“Boa tarde a todos vocês. Em nome do governo brasileiro e do povo brasileiro eu gostaria de dar os mais profundos pêsames à família do Eduardo Campos, à sua mãe, Ana Arraes; à dona Renata, como ele carinhosamente chamava a sua esposa; e aos seus filhos; e a toda a família, que era uma grande família. Eu quero dizer que hoje o Brasil está de luto e sentido com uma morte que tirou a vida de um jovem político promissor e esse fato entristeceu todos os brasileiros e brasileiras.

O Eduardo Campos, neto de um grande político, um grande democrata, um lutador que foi uma referência para minha geração, Miguel Arraes, que há 9 anos atrás faleceu, Eduardo Campos, neto dessa liderança, seguiu seus passos e por duas vezes foi governador de Pernambuco. Eu convivi com ele, como ministra do presidente Lula, mas também nas campanhas 2006 e 2010, e também no meu governo. Fui recebida em sua família e convivi com eles, de forma muito calorosa.

O Brasil perde uma jovem liderança, com um futuro extremamente promissor pela frente. Um homem que poderia galgar os mais altos postos do País. Sem sombra de dúvidas é uma perda. Para além das nossas divergências, nós mantivemos sempre uma forte relação de respeito mútuo. A última vez que eu o vi, no funeral do Ariano Suassuna, a quem eu tive o privilégio de conhecer e desfrutar do seu brilhantismo e do seu talento, porque fui apresentada a Ariano pela dona Renata, eu queria dizer que mantivemos ali, mais de uma vez, a reiterada relação afetuosa que construímos ao longo da vida. Espero que o exemplo do Eduardo Campos sirva para mantê-lo vivo na memória e nos corações dos brasileiros e das brasileiras.

Sem dúvida é um momento de pesar, sem dúvida é um momento de tristeza. Um momento que nós devemos, também, acatar com o reconhecimento que nós, seres humanos, somos afetados pela fragilidade da vida, mas também pela força e pelo exemplo das pessoas.

Queria estender minhas condolências a todos os assessores que acompanhavam Eduardo Campos na viagem e queria estender às suas famílias; à família do Alexandre, do Carlos Augusto, do Marcelo e do Pedro, as condolências e o meu pesar. Quero também estender às famílias das vítimas que, por acaso, tenham sofrido as consequências daquele desastre. Quero também me dirigir às famílias dos pilotos Geraldo da Cunha e Marcos Martins.

O governo federal está decretando um luto de três dias e, ao mesmo tempo, eu suspendi hoje a minha agenda e irei fazer o mesmo durante três dias, a partir de hoje, com a agenda de campanha. Acredito que o Brasil vai agora prantear este grande brasileiro que morreu no dia de hoje. Muito obrigado a todos.

Deve estar chegando por agora, eu acredito, no Recife, porque ela se transportou para lá ao saber – ela não sabia – do acontecido e quando eu tentei ligar para ela o avião já tinha partido. Eu tentarei também falar com a Renata, com quem eu tive uma relação pessoal e agradeço sempre a forma muito calorosa com que ela me recebeu todas as vezes que eu estive no Recife, na casa dela.

Sem sombra de dúvidas, assim que souber a data eu comparecerei ao velório. Eu liguei para o governador de Pernambuco colocando todas as condições materiais do governo federal à disposição da família Campos.

Obrigada, gente.”

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