Calma e prudência – Candidato do PSB à Presidência da República e terceiro colocado na corrida ao Palácio do Planalto, Eduardo Campos morreu em acidente aéreo ocorrido na manhã desta quarta-feira (13) em Santos, cidade do litoral.
O avião Cessna 560XL, prefixo PR-AFA, utilizado pela campanha do presidenciável do PSB, saiu do Rio de Janeiro e levava o ex-governador de Pernambuco para um evento no litoral paulista. A aeronave caiu em área residencial da cidade de Santos. Os sete ocupantes da aeronave, dois tripulantes e cinco passageiros, morreram no acidente.
Inicialmente noticiou-se que a esposa do candidato do PSB, Renata Campos, e um dos cinco filhos do casal estavam a bordo, mas ainda são contraditórias as informações a respeito. Eduardo Campos apostava no início do horário eleitoral, que estreia na próxima terça-feira, 19 de agosto, para avançar nas pesquisas eleitorais.
No início deste ano, Campos rompeu com o governo da petista Dilma Rousseff para dar viés de independência à sua candidatura. Presidente nacional do PSB, Eduardo Campos tinha como candidata a vice a ex-senadora Marina Silva, que deve assumir a candidatura.
Com a tragédia, o quadro da disputa pela Presidência da República muda completamente, uma vez que é prematuro afirmar para qual candidatura migrarão os eleitores de Eduardo Campos. A mãe do ex-governador e ministra do Tribunal de Contas da União (TCU), Ana Arraes participava de um evento em Brasília quando foi informada sobre o acidente.
Análise preliminar
Técnico em aviação consultado pelo ucho.info considerou estranha a forma como se deu o acidente. O primeiro item levantado é que aeronaves que caem “de nariz” representam apenas 1% dos acidentes registrados no planeta.
O segundo quesito levantado pelo nosso entrevistado é que o bairro do Boqueirão, em Santos, não está inserido em uma “airway”, ou seja, não está em rota de aproximação, procedimento das aeronaves antes do pouso.
O terceiro ponto levantado pelo técnico em aviação é que o Cessna 560XL integra a lista dos jatos executivos mais seguros. Além disso, o jato conta com um equipamento conhecido como EGPWS (Enhanced Ground Proximit Warning System) que faz com que a aeronave suba sem interferência da cabine de comando em caso de perigo durante o procedimento de pouso, mesmo que o piloto decida jogá-la contra o solo.
Sob sigilo
Em maio deste ano, a presidente Dilma Rousseff sancionou lei que torna sigiloso os dados contidos nas caixas-pretas dos aviões, assim como as informações prestadas voluntariamente por testemunhas, em caso de investigações de acidentes aéreos ocorridos em território nacional.
De acordo com a lei, testemunhas que prestarem informações no curso da investigação aeronáutica, em relação a desastres aéreos ou incidentes, ficarão protegidas e não poderão ser enquadradas criminalmente pelos dados fornecidos.
No caso de a Justiça e as autoridades policiais necessitarem identificar responsabilidades em acidente específico, o qual estava sob investigação do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), novo inquérito terá de ser aberto. A transferência de dados colhidos em inquérito do Cenipa para outro inquérito só poderá ser feita mediante determinação judicial. A lei permite, no entanto, que polícia e Justiça usem como provas em inquéritos os dados das caixas-pretas, assim como as transcrições das conversas da cabine.
A referida lei foi proposta pela Aeronáutica após a crise aérea decorrente dos acidentes da Gol, em 2006, que deixou 154 mortos, e da TAM, em junho de 2007, que matou 199 pessoas.
Opinião do editor
Único jornalista a acompanhar durante longos meses, de perto e os bastidores, os desdobramentos do acidente da TAM, o editor do ucho.info lembra que nenhum brasileiro deve se entregar à teoria da conspiração, apenas porque em curso está um processo eleitoral acirrado, mas é preciso estar atento aos desdobramentos das investigações, uma vez que a verdade sobre o trágico acidente ocorrido no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, jamais foi revelada.
O fato de os dados das caixas-pretas das aeronaves estarem protegidos por determinação legal é suficiente para supor que as causas de um acidente poderão ser suprimidas parcialmente. Nesse caso, vale lembrar o acidente do Boeing da Gol, faltando poucas horas para o primeiro turno da eleição presidencial de 2006, quando a aeronave chocou-se no ar com um jato Legacy, da Embraer, segundo informações oficiais.
Quem viu de perto o Legacy sabe que as partes danificadas mostram que algo despencou sobre a aeronave, invalidando a alegação de um choque em pleno ar. Aliás, uma eventual colisão com um Boeing, em pleno voo e na direção oposta, teria esfacelado o Legacy.