Eduardo Campos: funeral deveria ser marcado pela tristeza, mas acabou como sórdido ato de campanha

eduardo_campos_06Sem noção – Quando políticos da cúpula do PSB anunciaram que só tratariam de questões políticas após o sepultamento de Eduardo Campos, estava claro que na sequência viria uma ópera bufa devidamente orquestrada nos bastidores. Tirante o momento de dor dilacerante que se abateu sobre a família do então presidenciável do PSB, a encenação começou com Marina Silva, que impôs à sua figura frágil e esquálida uma segunda viuvez. A primeira ocorreu por ocasião da morte do seringueiro Chico Mendes, quando, a partir de então, Marina ganhou projeção política nacional e deixou para trás os companheiros de seringais.

Marina recolheu-se em um apartamento na cidade de São Paulo, de onde saiu para participar de um ato político-eleitoral sórdido e desnecessário. Se fato os PSB desejava tratar de questões políticas somente após o esquife de Eduardo Campos baixar na sepultura, de fato os próceres da legenda mostraram ao País que nada têm de diferente em relação aos demais políticos brasileiros. Adeptos da hipocrisia desmedida, são movidos pela mitomania acintosa. Até porque a política não acontece de outra forma, que não por meio de verdades frágeis e discursos impulsionados pelo embuste.

A postura da família de Eduardo Campos foi exemplar durante quase todo tempo, mas ao final da epopeia fúnebre a questão política dominou a cena, com o prévio consentimento de “Dona Renata”, esposa do ex-governador de Pernambuco. O teatro foi tamanho, que políticos chegaram a cogitar a indicação de “Dona Renata” para fazer dupla com Marina Silva. Ou seja, a cúpula do Partido Socialista Brasileiro chegou a apostar na comoção nacional para alcançar o momento de maior expressão da legenda, algo que só foi possível com a morte de Campos.

Eduardo Campos foi um político reconhecido em seu estado, o que justificou o viés público da cerimônia fúnebre como um todo, mas não caiu bem a zabumba eleitoral em que se transformou o enterro de alguém que era filho, marido e pai. Deveria a família ter mantido a discrição coerente e decorosa que marcou os primeiros momentos após o anúncio da morte de Campos, ocorrida em 13 de agosto na cidade de Santos, no litoral paulista.

Marina Silva, que aproveitou os holofotes para levar aos brasileiros uma suposta introspecção decorrente da comoção, não deixou de exibir, quando possível, o seu efêmero sorriso de lagarto e alguns acenos ensaiados. O excesso de exposição na mídia, mesmo que recolhida para curtir essa repentina e encenada viuvez política, fez com que Marina disparasse na primeira pesquisa eleitoral depois da tragédia que tirou a vida de Eduardo Campos e outras seis pessoas.

O PSB ainda não confirmou a ex-seringueira como candidata à Presidência da República, mas diante dos resultados do Datafolha tal ato depende de mais algumas horas, pois o teatro ainda está seguindo o script rascunhado pelos marqueteiros da campanha. Aliás, a essa altura o partido está mais que obrigado a oficializar Marina como cabeça de chapa, pois do contrário continuará em sua toada como legenda acessória.

Desde os primeiros momentos após o acidente, o ucho.info defendeu o respeito à família de Campos, mesmo sabendo que na esteira da dor surgiriam os muitos interesses políticos do partido e da própria campanha. Por enquanto os familiares do ex-governador pernambucano não se deram conta dos efeitos da tragédia no cotidiano, o que se dará dentro de algumas semana,s possivelmente quando a eleição presidencial estiver definida. O que pode ser péssimo para o Brasil e para os brasileiros.

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