Entreveros patrocinados por Marina Silva podem levar o PSB a terminar eleição menor do que é hoje

marina_silva_13Faca amolada – A candidatura de Marina Silva à Presidência da República ainda não está devidamente registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas o PSB já começa a experimentar a peçonha política da ex-ministra do Meio Ambiente. Logo após a morte de Eduardo Campos, vitimado em acidente aéreo ocorrido em Santos, no último dia 13 de agosto, Marina disse que defenderia na campanha os valores e os ideais do então presidenciável do PSB. Mas não é assim que os fatos têm se desenrolado nos bastidores.

Instantes depois de ter sido oficializada como cabeça de chapa, na noite de quarta-feira (20), Marina Silva passou a defenestrar pessoas-chave da campanha, até então indicadas por Campos. A ex-petista, agindo como um lagarto que se camufla para atacar, dividiu a coordenação-geral da campanha entre Carlos Siqueira e o Valter Feldman, seu aliado. Resumindo, agiu de forma dual para supostamente não ferir suscetibilidades, mas apostando na eficácia da decisão rasteira.

Filiado histórico do PSB e secretário-geral do partido, Siqueira anunciou, nesta quinta-feira (21), que deixa a campanha por causa de divergências com a candidata. Ao sair de reunião da cúpula do PSB, Siqueira mandou um recado duro a Marina Silva, que começa a colocar as mangas de fora muito antes do esperado. “Ela que vá mandar na rede dela”, disse o secretário-geral do PSB ao fazer referência à agremiação criada por Marina e que teve o registro negado pelo TSE.

Questionado se estava magoado com a presidenciável, Carlos Siqueira disse que não se trata de mágoa, mas de discordar da realização de mudanças no staff da campanha sem que o PSB tivesse sido consultado.

“Magoado, eu não estou, não. Não tenho mágoa nenhuma dela. Apenas acho que quando se está numa instituição como hospedeira, como ela é, tem que se respeitar a instituição, não se pode querer mandar na instituição. Ela que vá mandar na Rede dela porque no PSB mandamos nós”, disse Siqueira.

Pelas declarações de Carlos Siqueira, o entrevero interno não deve acabar tão cedo. Em tom de desabafo, o secretário-geral do PSB disparou: “Acho que ela não representa o legado dele [Eduardo Campos] e está muito longe de representar o legado dele. Eu não vou fazer campanha para ela porque eles eram muito diferentes, politicamente, ideologicamente, em todos os sentidos”.

O ex-coordenador não poupou críticas a Marina, que em sua opinião fez alterações na equipe da campanha sem consultar o partido. “Ora, ela nomeou o presidente do comitê financeiro da campanha, cuja responsabilidade da prestação de contas é do partido. Ela não perguntou nada ao PSB, ao invés de discutir o assunto com o partido […] Nós não podemos oferecer o partido a uma candidatura que procede dessas maneiras”, disse.

Há quem defenda dentro do PSB a candidatura de Marina Silva como forma de dar maior projeção ao partido, mas não se deve descartar a possibilidade de a legenda chegar ao fim da corrida presidencial muito menor do que entrou. Isso porque Marina já mostrou de forma clara que não está disposta a seguir os dogmas do partido que a acolheu depois que a Rede Sustentabilidade tropeçou no TSE.

Com a comoção decorrente da morte de Eduardo Campos caminhando para o fim do prazo de validade, Marina mostrará cada vez mais suas garras. Esse embate interno que toma conta do PSB interessa ao tucano Aécio Neves, mas já há no País uma corrente que defende a tese de que ruim por ruim, o melhor é votar em Dilma Rousseff, pois trata-se de uma esquerdista incompetente conhecida.

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