Vladimir Putin: “Se eu quiser, ocupo Kiev em duas semanas”

(Reuters)
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É preciso um basta – “Se eu quiser, ocupo Kiev em duas semanas”. Em meio ao agravamento da crise no leste ucraniano, a frase teria sido dita pelo presidente russo, Vladimir Putin, ao presidente da Comissão Europeia, o português José Manuel Durão Barroso, em conversa telefônica.

A informação é do jornal italiano “La Repubblica”. Barroso comunicou o ocorrido aos chefes de Estado e de governo presentes à cúpula da União Europeia, em Bruxelas, no último sábado (30).

O episódio foi confirmado por um diplomata, que participava da cúpula, ao site da revista alemã “Der Spiegel”. Durão Barroso teria questionado Putin sobre operações militares russas em território ucraniano, ao que o presidente teria respondido que este não é um fator decisivo, mas, sim, que se que ele quiser pode ocupar o país vizinho rapidamente.

As circunstâncias da ligação telefônica não são conhecidas, mas tanto o diário italiano quanto o portal alemão classificaram as palavras do presidente como uma ameaça. De acordo com o “La Repubblica”, Putin queria deixar claro que não toleraria provocações com sanções econômicas. Na cúpula da UE, foi discutida a possibilidade de ampliar e endurecer os embargos comerciais à Rússia.

O diário italiano publicou ainda que após Barroso ter informado os políticos europeus na cúpula sobre o telefonema, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, fez uma alerta sobre os riscos de lidar com Putin.

Segundo o britânico, não se pode cometer o mesmo erro feito com a Alemanha nazista, em 1938 – o então primeiro-ministro britânico, Neville Chamberlain, na Conferência de Munique, aceitou as garantias oferecidas por Adolf Hitler para manter o equilíbrio europeu. O discurso de Cameron foi apoiado por várias delegações presentes na cúpula.

O “La Repubblica” informou também que a chanceler alemã Angela Merkel, em tom bastante irritado, declarou que Putin estaria se movendo em direção a uma escalada militar. Merkel alertou ainda, que, após a Ucrânia, Letônia e Estônia também poderiam estar nos planos russos.

Para a revista “Der Spiegel”, uma tese plausível, pois Merkel advertiu repetidamente que não se pode confiar em Putin neste conflito – sobretudo, porque o governo russo oficialmente nega qualquer envolvimento ou apoio aos separatistas no leste ucraniano. Em seu discurso no Parlamento alemão nesta segunda-feira, a chanceler acusou a Rússia de tentar mudar à força as fronteiras ucranianas.

Cortina de fumaça

A Rússia vive uma grave e crescente crise financeira, o que obrigou o calculista Vladimir Putin a colocar a invasão do território ucraniano na pauta do cotidiano do Kremlin. Com isso, Putin consegue distrair a população russa diante das consequências da crise.

A estratégia do presidente russo não conta apenas com a invasão do território da Ucrânia, que começou com a criminosa anexação do território da Crimeia, mas com decisões que ganham espaço na mídia internacional na condição de provocação ao Ocidente. É o que se depreende da ordem de Putin para fechar mais de uma dúzia de lojas do McDonald’s no país. Como se sabe, a rede lanchonetes é um dos símbolos internacionais do capitalismo norte-americano e que se espalhou pelo planeta.

Enquanto os russos passam por dificuldades, Vladimir Putin apela ao espírito imperialista da extinta União Soviética para seguir adiante em sua cruzada além das fronteiras do país, que em breve pode alcançar outras nações da região.

A situação tende a se agravar nos próximos dias, pois o presidente da Romênia, Traian Băsescu, disse na última semana que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) deve não apenas agir para interromper a escalada russa, mas fornecer armamentos aos ucranianos que enfrentam os separatistas no leste do país. (Com informações da Deutsche Welle)

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