MP precisa ouvir Lula, Dilma, Paulo Roberto Costa e Odebrecht sobre cartel petroquímico

lula_362 (nacho doce - reuters)Chave de cadeia – Enquanto a Polícia Federal apura o vazamento de informações que constam dos depoimentos de Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras, preso na Operação Lava-Jato, continua soltando o verbo, em Curitiba, diante de procuradores e delegados. Como já noticiado, os depoimentos têm sido gravados em vídeo, criptografados e guardados em um cofre da Superintendência da PF, como forma de proteger o material e impedir o acesso de pessoas estranhas ao conteúdo do mesmo.

Segundo apurou o ucho.info, nesta terça-feira (9) Paulo Roberto Costa revelou mais detalhes sobre o esquema criminoso que saqueou os cofres da petroleira nacional e certamente movimentou muito mais do que os R$ 10 bilhões anunciados até agora. De acordo com informações repassadas ao site, Costa teria dado detalhes das negociatas com as empreiteiras e fornecido os nomes das empresas e dos respectivos diretores, todos envolvidos no superfaturamento de contratos, operação que servia para financiar parte da chamada base de sustentação do governo do PT, ao mesmo tempo em que permitia o enriquecimento estratosférico dos partícipes.

O ucho.info tem uma lista com nomes das empreiteiras denunciadas por Paulo Roberto Costa, mas deixa de divulgá-la por não ter conseguido checar a informação, até a conclusão desta reportagem.

Independentemente desse fato, o editor sugere aos procuradores e delegados que questionem o ex-diretor da Petrobras sobre a cartelização do setor petroquímico. Como já noticiamos, aproximadamente 80% do volume de petróleo extraído é destinado à indústria petroquímica, setor que no Brasil é controlado de forma escandalosa pelo grupo Odebrecht, através da empresa Braskem. Algumas pequenas empresas do setor não conseguem sequer fazer sombra ao poderio erguido pelo grupo baiano atualmente comandado por Marcelo Odebrecht.

Favorecendo o grupo baiano

Quando Lula e Dilma Rousseff decidiram contemplar os interesses do grupo Odebrecht também no setor petroquímico, inclusive com expropriação de empresas, no melhor modelo bolivariano, coube a Paulo Roberto Costa dar sequência às ordens disparadas a partir do Palácio do Planalto. Tudo com a anuência do então presidente da Petrobras, o baiano José Sérgio Gabrielli. Vale lembrar que o presidente anterior da estatal, José Eduardo Dutra, se recusou a prosseguir com o plano de Lula e Dilma para beneficiar o grupo Odebrecht.

Nessa epopeia obtusa que beneficiou o grupo Odebrecht, uma das empresas prejudicadas foi a Petroquímica Triunfo, alvo de uma sequência de atos covardes e criminosos, típicos de regimes totalitaristas que insistem em usar a fantasia da falsa democracia e da probidade mentirosa.

Apenas para esclarecer aos leitores a sugestão que ora fazemos, Paulo Roberto Costa era, à época, diretor de abastecimento e petroquímica da Petrobras. O setor petroquímico movimenta um volume financeiro tão grande, que os números envolvendo as superfaturadas refinarias podem ser considerados como crimes menores e dignos de juizado de pequenas causas.

Para beneficiar o grupo Odebrecht, Paulo Roberto Costa esteve à frente da operação que incluiu a compra, por valores absurdos, de empresas como Ipiranga (US$ 5 bilhões), Suzano Petroquímica (US$ 4,1 bilhões) e Unipar (US$ 1,2 bilhão).

No setor petroquímico, todas as empresas da chamada “segunda geração” operam como satélites de refinarias, o que obriga que a Petrobras forneça em igualdade de condições matéria prima a todos os participantes. No Brasil existem atualmente os seguintes pólos petroquímicos: Alagoas (cloroquímico), São Paulo (petroquímico), Bahia (petroquímico), Rio Grande do Sul (petroquímico) e Rio de Janeiro (gás-químico).

Lula na mira

No Rio Grande do Sul, onde funciona a Copesul, as empresas que atuam na “segunda geração” são: Triunfo, Ipiranga, PPH e Unipar (Poliolefinas). Para forçar a saída do empresário Boris Gorentzvaig, já falecido, a Petrobras operou de forma rasteira, inclusive desrespeitando decisões judiciais. No caso da expropriação da Triunfo, a Petrobras incorreu em algumas transgressões: abuso de poder econômico, concorrência desleal, eliminação de concorrência, atentado, improbidade administrativa e crime de lesa pátria. Fora isso, desrespeito o acordo de acionistas, o direito adquirido e o direito de preferência, além da legislação que regulamenta o setor petroquímico e o programa nacional de desestatização.

Às 17 horas do dia 26 de fevereiro de 2009, no Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília, onde naquele ano funcionou temporariamente a Presidência da República, uma vez que o Palácio do Planalto estava em reforma, Lula recebeu o empresário Auro Gorentzvaig. Do encontro participaram Paulo Roberto Costa, o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) e o petista Luiz Marinho, atual prefeito de São Bernardo do Campo, cidade do ABC paulista que é berço do sindicalismo nacional.

Naquele dia, decidiu-se que a Petrobras participaria do processo de harmonização da Petroquímica Triunfo para, em seguida, entregar a empresa a quem de direito, no caso os acionistas, dentre eles o empresário Boris Gorentzvaig. Para tanto, Lula determinou que a operação fosse conduzida por Paulo Roberto Costa, assim como determinou que a decisão final fosse de um juízo arbitral, no caso os bancos Bradesco ou Itaú.

Muito estranhamente, Paulo Roberto Costa deixou de cumprir as ordens dadas por Lula, não se sabe se por vontade próprio ou por determinação do próprio Lula, que com o passar dos anos aproximou-se cada vez mais do grupo Odebrecht, de cuja empreiteira o petista é um lobista de luxo.

Soltando o verbo

Por conta disso, o ucho.info sugere que delegados e procuradores ouçam o que tem a dizer Paulo Roberto Costa sobre o caso, mas também os empresários Auro e Caio Gorentzvaig , filhos e herdeiros de Boris Gorentzvaig.

Em conversa com o editor do site, os representantes da família Gorentzvaig (Auro e Caio) sugeriram outros nomes para engrossar a lista dos que devem ser ouvidos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal para que o maior escândalo do universo brasileiro dos negócios seja definitivamente elucidado. São eles: Luiz Inácio da Silva, Dilma Vana Rousseff, José Sérgio Gabrielli, Edison Lobão, Paulo César de Aquino, Djalma Rodrigues, Edmundo Aires Brito, José Lima, André Damiani, Patrick Horbach, César Mansoldo, Emílio Odebrecht, Marcelo Odebrecht e Alexandrino Alencar.

No momento em que as autoridades que investigam os muitos escândalos que originaram a Operação Lava-Jato se debruçarem sobre o cartel petroquímico que impera no País, certamente os brasileiros conseguirão compreender por qual motivo o tão falado desenvolvimento é mera figura de retórica, pois tudo na esfera do governo federal depende da concordância espúria das empreiteiras. Não por acaso, desde que desceu a rampa do Palácio do Planalto, tem se valido dos jatinhos executivos das empreiteiras para circular pelo planeta.

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