Esperando um milagre – Em busca de apoio na luta contra os fundos de hedge, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, almoçou no último sábado (20) com o papa Francisco, seu compatriota, no Vaticano. Esse foi o terceiro encontro entre os dois desde que o Jorge Mario Bergoglio assumiu o comando da Igreja Católica, em março de 2013.
Kirchner chegou ao Vaticano acompanhada por uma comitiva de trinta pessoas, entre elas o ministro argentino das Relações Exteriores, Héctor Timerman, e o presidente da Câmara dos Deputados, Julián Domínguez.
A presidente levou vários presentes para o Papa, incluindo um retrato de Evita, outro do próprio Francisco em estilo Andy Warhol e uma imagem da Virgem de Luján, padroeira da Argentina.
O encontro começou com uma conversa a portas fechadas entre Kirchner e Francisco, de aproximadamente 15 minutos. Após a reunião, os dois almoçaram com a comitiva. Segundo a Rádio Vaticano, o conteúdo da conversa foi “particular”.
Crise na terra do tango
Para analistas, o encontro do último sábado pode ser interpretado com um respaldo do Papa à presidente argentina na véspera de sua viagem a Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU na próxima quarta-feira (24).
Em Nova York, Kirchner pretende falar sobre a briga judicial que mantém com os Estados Unidos, em relação aos fundos de hedge que não aceitaram a redução do pagamento referente a títulos da dívida argentina.
Antes da visita de Kirchner, Guillermo Karcher, chefe do cerimonial do Vaticano e íntimo de Francisco, afirmou que o Papa estava preocupado com a situação da política da Argentina. “Ele está preocupado com a governabilidade e sobre uma democracia saudável”, disse.
A relação entre Kirchner e Francisco nem sempre foi calorosa. Na época em que Jorge Bergoglio foi arcebispo de Buenos Aires, o pontífice criticou duramente o governo do então presidente Nestor Kirchner, marido da atual presidente e que faleceu em outubro de 2010. Contudo, desde que o conterrâneo tornou-se papa, a relação entre os dois tem melhorado.
O desespero de Cristina Kirchner é tamanho, que só mesmo alguém movido pela incompetência é capaz de envolver o papa em um imbróglio dessa natureza, mesmo que Bergoglio também seja um chefe de Estado. (Com agências internacionais)