Petistas tentaram encomendar, em 2004, dossiê contra Kassab, que agora está no palanque de Dilma

gilberto_kassab_18Quem te viu – O ano de 2004 estreava sua metade quando as eleições municipais passaram a dominar o cenário político do País. Na maior cidade brasileira, São Paulo, o então candidato tucano José Serra despontava como favorito na disputa pela prefeitura local, que também tinha como participantes a petista Marta Suplicy, que buscava a reeleição, e Paulo Salim Maluf, objeto desejo da Interpol.

Logo na largada do período eleitoral, petistas tentaram encomendar um dossiê contra Gilberto Kassab, que à época era candidato a vice na chapa de Serra. O objetivo da “companheirada” era reunir documentos e informações dos bastidores da CPI dos Combustíveis, que funcionou na Câmara dos Deputados e contou com a participação de Kassab. Na ocasião, os alarifes procuraram o editor do ucho.info, que sabia – e ainda sabe – muito sobre as coxias da CPI. A oferta foi de R$ 100 mil, mas para a sorte de Gilberto Kassab o editor do site, jornalista Ucho Haddad, não faz dossiês, mas apenas e tão somente jornalismo opinativo de qualidade reconhecida.

O tempo passou, o primeiro turno também, e para a segunda rodada da corrida à prefeitura paulistana seguiram José Serra e Marta Suplicy. Emoldurado pelo Mensalão do PT, Maluf tornou-se amigo de longa data de Marta, a quem apoiou sem qualquer constrangimento. Foi quando os mesmos petistas voltaram à carga, desta vez em busca de um dossiê contra José Serra. Sabiam os espertalhões que o editor do ucho.info tinha condições de produzir a encomenda.

A primeira oferta foi de US$ 100 mil; a segunda, de US$ 300 mil; a última, de US$ 500 mil. A derradeira investida aconteceu de surpresa em um restaurante de comida judaica localizado na Alameda Lorena, na região dos Jardins. O editor almoçava calmamente com amigos quando do nada surgiu um emissário petista tentando convencê-lo a aceitar a proposta. A aparição repentina do petista, que falava em nome de um conhecido mensaleiro, deu a entender que o editor estava sendo monitorado e seguido.

Para a sorte de José Serra, o editor recusou todas as propostas, pois seu objetivo, como já mencionado, é fazer jornalismo, não dossiês. Após a última negativa, o editor passou a enfrentar ameaças, assim como seus filhos. Antes disso, o jornalista comunicou o fato a cinco pessoas de extrema confiança, mas seu telefone já estava grampeado. Uma das conversas foi gravada por um ex-agente do Mossad (serviço secreto israelense) que na ocasião trabalhava para um banqueiro oportunista, que repassou a gravação de uma das conversas para o amigo mensaleiro.

Não demorou muito e um graduado representante da Justiça foi procurado por emissário do tal mensaleiro “cinco estrelas”. Ao magistrado foi dito, em seu gabinete, por um estafeta petista, que o editor estava com os dias contados. Uma ousadia sem precedentes, algo que foi a marca registrada dos governos de Luiz Inácio da Silva. Dez anos se passaram e até agora o editor do site é o mesmo que assina a presente matéria. O que mostra que esses malandros são covardes recorrentes, verdadeiros “borra-botas”. Afinal, a ameaça de morte não se consumou, assim como aconteceu por ocasião da divulgação dos principais trechos das conversas telefônicas sobre o assassinato de Celso Daniel.

O que mais náusea causa nessa epopeia é que na política a convivência entre seus operadores é muito semelhante à de um bataclã de quinta, onde as raparigas se pegam de noite para fazer as pazes durante do dia. Kassab sempre soube que o editor se recusou a fazer um dossiê a seu respeito, até porque esse não é o melhor caminho do jornalismo, apesar de alguns amestrados profissionais de comunicação serem adeptos desse tipo de situação.

Apesar da covardia excessiva de outrora, o ex-prefeito Gilberto Kassab subiu no palanque de Dilma. E obviamente que não foi por afinidade ideológica, pois esse ingrediente inexiste na política tupiniquim. Nauseante sim, estranho não, porque Fernando Collor de Mello e Luiz Inácio da Silva há alguns anos tornaram-se amiguinhos. Eis o Brasil, um lupanar político sem igual.

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