Reeleição de Dilma, com fragorosa derrota no Acre, pode gerar pane seca para o “piloto” Jorge Viana

jorge_viana_07Céu carregado – A reeleição de Dilma Rousseff provocou euforia nas hostes petistas, mas pelo menos um “companheiro” deve estar pensando o que pode lhe acontecer no rastro desse feito. Senador pelo Acre e um dos “cães de guarda” do governo no Senado Federal, o acriano Jorge Viana não conseguiu dar à presidente da República o respaldo necessário no estado nortista.

Estado originalmente petista e reduto eleitoral dos irmãos Viana (Jorge e Tião, este último governador reeleito) e de Marina Silva, fundadora histórica do Partido dos Trabalhadores, o Acre deu a Dilma Rousseff uma das piores derrotas no segundo turno da eleição presidencial, em termos percentuais. Na acirrada disputa pelo direito de ocupar o Palácio do Planalto nos próximos quatro anos (2015-2018), o tucano Aécio Neves conquistou 63,68% dos votos válidos, contra 36,32% de Dilma Rousseff.

Considerando que o Acre é governado pelo petista Tião Viana, reeleito em disputa também apertada, a derrota de Dilma no estado é assunto que vem sendo tratado com doses extras de raiva pelo staff presidencial. Isso significa que Jorge Viana pode sofrer algum tipo de consequência, pois o temperamento truculento de Dilma não permite que ela esqueça rapidamente de determinados temas. Sem contar que a presidente é daquelas pessoas que acredita na tese de que a vingança é um prato que se come frio.

Ex-presidente do Conselho de Administração da Helibras, fabricante de helicópteros localizada em Itajubá (MG), Jorge Viana deixou o comando da empresa em 2010 para concorrer ao Senado Federal. Alçado à direção da companhia como recompensa por não ter sido nomeado ministro de Estado pelo então presidente Lula, o senador Jorge Viana deixou pessoas de sua confiança em postos estratégicos da empresa, até porque ninguém é de ferro e na política inexistem tolos.

Preocupado com o posicionamento do eleitorado acriano e ciente de que uma eventual derrota de Dilma poderia lhe ceifar a ingerência que ainda exerce na Helibras, Jorge Viana passou a conversar, ainda no primeiro turno, com os adversários de Dilma. De forma antecipada conversou, inicialmente, com Marina Silva, sua conterrânea, que à época fazia sombra à candidata petista. Com a chegada de Aécio Neves no segundo turno, Jorge, o senador ligeiro, também conversou sobre o assunto com o tucano. Tudo porque não gostaria de perder a “boquinha” na Helibras, onde consegue furar a fila de pedidos e dar preferência a alguns nababos que hoje frequentam seu rol de amizades e sonham em ter no hangar uma dessas máquinas voadoras.

O que Jorge Viana não contava é com a apertada reeleição de Dilma, a reboque de uma fragorosa derrota no Acre. Esse quadro vem sendo considerado pelo senador acriano como um dos piores, uma vez que a presidente da República, em eventual faxina na máquina federal, pode obrigá-lo a um pouso forçado ou, então, a uma inesperada pane seca. Se isso de fato acontecer, quem encomendou aeronaves à Helibras terá o prazo de entrega respeitado, até porque na linha de montagem não mais existirão dedos vermelhos a atrapalhar.

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