CPMI da Petrobras: democrata quer comparar contratos de Cosenza com os de Paulo Roberto Costa

petrobras_16Lupa na mão – Deputado federal pelo Democrata do Rio Grande do Sul, Onyx Lorenzoni pediu que fosse enviada à CPMI da Petrobras uma relação nominal atualizada com todos os contratos assinados pelo atual diretor de Abastecimento da estatal, José Carlos Cosenza. Substituto de Paulo Roberto Costa no cargo, Cosenza foi ouvido na sessão de quarta-feira (29) da CPMI e comprometeu-se a enviar o material em até quinze dias.

“Pedi que enviasse os contratos porque isso é importante. Vai nos dar condição de parear o perfil do contrato. Se houve licitação, se tem aditivo, se houve ausência de licitação e por aí vamos ver se o mesmo perfil foi mantido. Se foi mantido, é óbvio que ele estava no esquema. Ficaria comprovado que sua nomeação foi apenas para dar continuidade ao esquema que o Paulo Roberto Costa pilotava. O que é o mais provável”, sugeriu Onyx.

CPI nova

Antes do início do depoimento, o parlamentar gaúcho apresentou sugestão à presidência de acelerar o andamento da CPMI. Lorenzoni quer mais oitivas durante a semana e a criação de sub-relatorias.

“A minha sugestão, acatada pelo presidente, é fazer duas oitivas por semana, além da criação de sub-relatorias, o que aceleraria este processo que é obrigado a ser concluído ainda nessa legislatura. Uma das sub-relatorias poderia ser específica para os contratos, por exemplo”, propôs Onyx.

O democrata já aponta a criação de uma nova CPI a partir de fevereiro, fundamentada no relatório a ser produzido na comissão vigente.

“Somos obrigados a cumprir a CPI até o final dessa legislatura. Nosso objetivo é, primeiro, fazer a prorrogação para consolidar tudo o que conseguimos e produzir o relatório para que seja base de uma nova CPI a ser aberta já no início do ano legislativo”, explicou.

Onyx Lorenzoni argumenta que, diante do volume de material a ser apurado, nem a CPMI, nem a Polícia Federal ou mesmo o Ministério Público conseguirão concluir o trabalho até o final do ano.

Todo cuidado é pouco

Vale destacar que o PT, juntamente com a base aliada do governo, tentará ao máximo evitar a celeridade dos trabalhos, pois o interesse do Palácio do Planalto é postergar ao máximo a descoberta da verdade, que se acontecer poderá abalar ainda mais as estruturas da legenda, seriamente danificadas nas eleições deste ano.

Dilma Rousseff, a presidente reeleita, tem dito desde a descoberta do escândalo que seu desejo é esclarecer os fatos e levar à população todos os detalhes da investigação, mas nos bastidores a ordem é contrária. Acusada de ter conhecimento do esquema de corrupção que funcionava em algumas diretorias da Petrobras, Dilma quer distância de uma solução imparcial e transparente para o caso. Não fosse a dedicação e a persistência dos integrantes da Polícia Federal, dos procuradores da República e da Justiça Federal, o caso sequer teria saído das primeiras denúncias, ainda em 2009.

A criação de sub-relatorias é algo que precisa ser analisado com responsabilidade e parcimônia, pois dependendo de quem for nomeado para essas divisões da CPMI o trabalho de análise de documentos e provas pode atrasar ou até mesmo empacar. O melhor exemplo desse cenário se deu em duas CPIs: a dos Correios e das ONGs. Na CPMI dos Correios, o então sub-relator de contratos, José Eduardo Martins Cardozo, atual ministro da Justiça, não apenas retardou a análise dos documentos, mas deu aos mesmos a interpretação que convinha ao PT.

No caso da CPI das ONGs, o relator, senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), seguiu as ordens do Palácio do Planalto e produziu um relatório tão pífio, que o calhamaço de papel serve até hoje como peso para escorar porta. A mando de Lula, o agora lobista de emrpeiteira, Arruda evitou que a verdade sobre as ONGs viesse à tona, o que teria desmoronado o Partido dos Trabalhadores.

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