Presidente da ANA diz que crise hídrica de SP depende de dilúvio, mas não conhece Fernando Haddad

(Moreira Mariz)
(Moreira Mariz)
Óleo de peroba – A crise que afeta o abastecimento de água em São Paulo e em muitas cidades do mais importante estado da federação continua alavanca a gazeta chicaneira do partido dos Trabalhadores. Logo após a reunião entre o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e a presidente Dilma Rousseff, ocorrido há dias em Brasília, o PT enviou à imprensa e-mail destacando o pedido de feito de pelo governador paulista no valor de R$ 3,5 bilhões para projetos com o objetivo de minimizar o problema de abastecimento de água.

Inconformados com mais uma derrota na tentativa de tomar de assalto o Palácio dos Bandeirantes, os petistas acreditam que o pedido do governador de São Paulo é semelhante a um pugilista que no auge do confronto joga a toalha no ringue. Na opinião do UCHO.INFO, o pedido de Alckmin foi acanhado, se considerado o fato de que de São Paulo sai a maior parte dos tributos arrecadados pelo governo federal, sendo que a contrapartida é de no máximo um quarto do valor pago. Sendo assim, o estado que é a locomotiva do País tem direito a isso e muito mais.

Descontentes com a pouca repercussão do pedido do governo paulista, o PT incumbiu o presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, de estocar o tucano Geraldo Alckmin. Durante audiência, nesta quinta-feira (13), na Comissão de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (CDEIC) da Câmara dos Deputados, Andreu Guillo disse que as obras previstas para São Paulo estarão prontas em no máximo dois anos.

“Há um conjunto de obras que, se tivesse sido feito no prazo, teria reduzido o impacto (da seca)”, disse Vicente Andreu, que participou da audiência na CDEIC como um braço avançado do desgoverno de Dilma Rousseff. Ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ao PT, Andreu Guillo chegou à presidência da ANA em 2010, na esteira de uma acomodação de companheiros feita pelo então presidente Lula. Antes de ser indicado para o comando da agência, Guillo ocupava a Secretaria Nacional de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente.

Vicente Andreu Guillo, que não sabe separar as questões de Estado da miopia ideologia da esquerda nacional, abusou do deboche ao afirmar que somente um “dilúvio” é capaz de garantir o abastecimento de água em São Paulo. “A solução dessa situação é chover, e muito. Para chegar a essa situação, até janeiro precisamos de um dilúvio”, disse o sindicalista que foi guindado à presidência da ANA.

Face lenhosa

Guillo deveria se envergonhar de fazer declarações de encomenda, pois o governo do PT, partido ao qual deve obediência, continua rezando para que a estiagem termine o quanto antes, pois a geração de energia elétrica no País poderá entrar em colapso a qualquer momento, se as temperaturas do verão continuarem nas alturas.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já informou que é de 5% o risco de ocorrerem interrupções no fornecimento de energia em 2015. O governo negou a informação, mas esse índice é o limite fixado pelo ONS como aceitável.

Para desconstruir o discurso rasteiro de Vicente Andreu Guillo, mais um fantoche a serviço do Palácio do Planalto, o governo do PT conseguiu a proeza de estimular o consumo de energia elétrica, sem se preocupar com a geração. Algo típico da “companheirada”, que continua acreditando que planejamento é coisa da “elite golpista”. Se Guillo ainda não sabe, as usinas termelétricas estão em funcionamento ininterrupto desde outubro de 2012, apenas porque a mais grave estiagem dos últimos 80 anos atinge as regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Fogo amigo

Que o PT é adepto do jogo sujo e rasteiro todos sabem, mas Andreu Guillo deveria pensar não apenas em criticar os adversários políticos do PT, neste caso os tucanos, mas em preservar seu companheiro de esquerdismo boquirroto e prefeito da mais importante cidade brasileira, Fernando Haddad, um dos postes que Lula fincou na política nacional. Nove entre dez paulistanos torcem para quem um dilúvio caia sobre a quarta maior cidade do planeta, mas Haddad pede aos céus para que isso não aconteça.

Na tarde desta quinta-feira, depois de muitos dias de tempo seco, a cidade de São Paulo foi alcançada por uma chuva mais forte e que durou aproximadamente duas horas. Foi o suficiente para que a capital paulista parasse por conta de dezenas de semáforos que deixaram de funcionar por causa das águas de Pedro. Como se não bastasse, diversas árvores caíram, interrompendo o sempre complicado trânsito paulistano. Para que o leitor consiga compreender a extensão do caos, às 20h36 a cidade de São Paulo registrava 247 km de lentidão.

O cenário de caos que tomou conta de várias regiões da cidade de São Paulo mostra de forma clara que, a bordo de sua conhecida incompetência, Fernando Haddad foi incapaz o período de estiagem prolongada para realizar obras contra enchentes, ao mesmo tempo em que não conseguiu melhorar minimamente a qualidade dos semáforos, que, tudo indica, são hidrofóbicos.

Recordar é viver

Vicente Andreu Guillo é mais um daqueles capatazes da esquerda tupiniquim que seguem a cartilha medíocre do Palácio do Planalto, cujos atuais inquilinos creem que o Brasil é uma propriedade do partido, não dos brasileiros. Guillo deveria se preocupar em esclarecer à opinião pública o escândalo de corrupção que chacoalhou a Agência Nacional de Águas, esquema que foi desmontado pela Polícia Federal durante a Operação Porto Seguro.

Para quem não se recorda, a Operação Porto Seguro interrompeu um esquema criminoso de venda de pareceres técnicos de órgãos federais, operação que era comandada por Rosemary Noronha, a Marquesa de Garanhuns, que se apresentava aos corruptores como “namorada” do agora lobista Lula. Durante a operação, a PF alvejou o então diretor de Hidrologia da ANA (Agência Nacional de Águas), o petista Paulo Vieira, cuja indicação ao cargo é creditada ao mensaleiro condenado José Dirceu e à amásia de Lula, a ousada Rose Noronha.

De acordo com o Ministério Público Federal, Paulo Vieira pagou propina a funcionários da Secretaria do Patrimônio da União para beneficiar empresas ligadas ao ex-senador Gilberto Miranda, que ao longo dos anos acostumou-se a frequentar os subterrâneos do poder. Ex-vereador pelo PT em Gavião Peixoto (SP), cidade do interior paulista, Paulo Vieira teve seu nome rejeitado no Senado em dezembro de 2009, mas manobras regimentais, capitaneadas pelos “companheiros” garantiram a aprovação de seu nome para uma diretoria da ANA.

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