Advogado tenta transformar vice-presidente da Camargo Corrêa em querubim barroco

mariz_deoliveira_02Passe de mágica – Como sempre afirmou o UCHO.INFO, o criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira merece o respeito deste site e de todos os brasileiros, seja por seu currículo inquestionável, seja por sua atuação exemplar no universo do Direito. Além disso, não se pode confundir a idoneidade de um advogado com o ilícito ou crime cometido pelo contratante. São situações distintas que merecem considerações isoladas.

Mariz de Oliveira, contudo, erra ao afirmar que seu cliente, Eduardo Leite, vice-presidente da Camargo Corrêa, é vítima de um processo de “caça às bruxas”. “Ele não participou de corrupção nenhuma. Ele é vítima de uma cultura de caça às bruxas que está sendo implementada no país”, disse o advogado.

O criminalista disse, em Curitiba, que seu cliente, preso na Operação Juízo Final, colaborará com a Polícia Federal, respondendo a todas as perguntas das autoridades. Mariz de Oliveira alegou que o vice-presidente da empreiteira mantinha “relações de mercado” com o doleiro Alberto Youssef, mas negou a participação de Leite em qualquer esquema de pagamento de propina.

O UCHO.INFO entende que o melhor que um advogado pode fazer é discutir o processo nos autos, não na imprensa. Os veículos de comunicação só devem ser acionados quando existir uma arbitrariedade comprovada por parte do Estado, que não é o caso da Operação Lava-Jato.

Responsável por todos os processos decorrentes da operação da PF, o juiz federal Sérgio Fernando Moro, um dos maiores especialistas em crimes financeiros do País, tem tomado decisões dentro dos limites da lei, até porque não se pode colocar em risco o brilhante trabalhado realizado pelos policiais federais e procuradores da República que investigaram o maior escândalo de corrupção da história nacional.

Moro ordenou a prisão dos executivos das empreiteiras com base em provas incontestáveis, o que faz com que qualquer declaração estapafúrdia dos advogados ou dos presos deva ser desconsiderada.

Ao advogado cabe o dever profissional de, dentro dos limites da legalidade, defender o cliente e a ele devolver a liberdade, quando possível, mas qualquer atitude fora desse cenário é tentativa frustrada de querer contrariar o que mostram as provas de maneira clara e inequívoca.

O juiz Sérgio Moro jamais teria determinado a prisão preventiva de Eduardo Leite sem que esse tivesse qualquer envolvimento com o esquema criminoso comandado por Alberto Youssef. Uma coisa é defender alguém acusado pela Justiça, outra é tentar transformar um culpado em querubim barroco. E Eduardo Leite, pelo que se sabe, não tem vocação para anjo de sacristia. Afinal, quem usa a empresa da mulher para receber R$ 1 milhão de um esquema de corrupção não pode ser candidato a santo. A informação de que o vice-presidente da Camargo Corrêa usou a empresa de Mylene Quian Leite para receber tal quantia é da PF.

Ademais, depõe contra o próprio vice-presidente a afirmação de que o mesmo mantinha “relações de mercado” com o Alberto Youssef. Como sabem os leitores, o doleiro da Lava-Jato sempre optou por operar na ilegalidade, tanto que sua estreia nos tribunais se deu na esteira do escândalo do Banestado. Por ter desrespeitado um acordo de delação premiada feito no âmbito do processo do caso Banestado, Youssef foi condenado recentemente pelo juiz Sérgio Moro, que reabriu o processo com esse fim.

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