Demora de Negromonte Filho para se entregar à PF pode ter ajudado partido do ex-ministro das Cidades

adarico_negromonte_01Tudo combinado – Um dos 25 investigados na sétima fase da Operação Lava-Jato, Adarico Negromonte Filho entregou-se à Polícia Federal, em Curitiba, na manhã desta segunda-feira (24). Irmão de Mario Negromonte, ex-ministro das Cidades, Adarico deveria ter sido preso na Operação Juízo Final, deflagrada na última sexta-feira (17) e que mandou para a cadeia os principais executivos das empreiteiras que ajudavam a movimentar o carrossel de corrupção que rodava na Petrobras.

Adarico Negromonte foi identificado pela PF durante as investigações da Operação Lava-Jato como sendo homem de confiança do doleiro Alberto Youssef e responsável pelo transporte do dinheiro das propinas cobradas das construtoras e repassadas a alguns partidos da chamada base aliada, como PT, PMDB e PP.

Ao longo de dez dias, os policiais federais tentaram encontrar Negromonte Filho em vários endereços, mas o agora preso disse que não foi procurado em sua residência, no interior de São Paulo, o que denota um ar galhofeiro do acusado no tocante à ação das autoridades envolvidas na Lava-Jato.

A demora para o último procurado na esteira da Operação Juízo Final se entregar à PF pode ter uma explicação. Responsável pelo transporte do dinheiro sujo do Petrolão, Adarico Negromonte Filho sabe com riqueza de detalhes tudo o que se passava no escritório do doleiro, o que coloca em risco mais de uma dezena de políticos, começando pelo Partido Progressista, ao qual é filiado o seu irmão, o ex-ministro das Cidades.

Qualquer declaração fora de sintonia por parte de Negromonte Filho pode mandar pelos ares o PP, que não demora muito irá pelos ares no vácuo da Lava-Jato. O juiz federal Sérgio Moro vem cumprindo à risca o que determina a legislação vigente, deixando as denúncias relacionadas a políticos para o Supremo Tribunal Federal, por conta do direito de foro privilegiado por prerrogativa de função.

Recentemente, uma lista com nomes e imagens das pessoas que visitaram o bunker de Alberto Youssef serviu para comprovar a relação próxima entre executivos de empreiteiras e o doleiro da Lava-Jato, que continua preso na Polícia Federal, em Curitiba. Nos registros da portaria do prédio onde funcionava um dos escritórios de Youssef, na Avenida São Gabriel (Zona Sul paulistana), constam nomes de vários políticos, alguns dos quais frequentadores assíduos do local.

Desde a deflagração da Operação Lava-Jato, em março passado, a cúpula do Partido Progressista vem afirmando de forma reiterada que está pronta para colaborar com as autoridades, mas na realidade não é isso que acontece. O sumiço de Adarico Negromonte Filho pode ser uma prova da ma vontade do PP em ajudar a esclarecer os fatos. Quando a lista de políticos envolvidos no Petrolão for divulgada será tarde demais.

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