OPEP mantém quota de produção e preço do petróleo despenca

petroleo_48Torneira aberta – Apesar da queda constante dos preços do combustível fóssil, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) decidiu na quinta-feira (27) manter sua produção de 30 milhões de barris por dia. “Não há mudanças”, resumiu o ministro do Petróleo de Kuwait, Ali al-Omair, depois da reunião envolvendo os 12 países-membros em Viena. Depois da decisão, o preço do barril (159 litros) caiu para 75 dólares, o mais baixo dos últimos quatro anos.

O ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Naimi se limitou a declarar que a decisão “é correta”. A manutenção do status quo já era esperada, já que não houve consenso entre os membros da OPEP sobre uma redução da produção. Os poderosos países do Golfo Pérsico se impuseram, em detrimento dos membros mais pobres da organização, como a Venezuela, que prefeririam reduzir a produção para deter a queda dos preços no mercado.

O debate foi deflagrado pelas recentes quedas do preço do barril: desde meados de 2014, o óleo bruto ficou cerca de 30% mais barato no mercado mundial, devido a um crescimento da oferta e paralelo declínio da demanda, causado pela crise financeira.

Já durante as negociações em Viena, e também após o anúncio da decisão, os preços despencaram ainda mais. Em Londres, do barril do tipo Brent, extraído no Mar do Norte, custava na tarde desta quinta-feira apenas 74,36 dólares. Já o tipo americano West Texas Intermediate foi negociado a 70,87 dólares. Em ambos os casos, esses foram os menores valores desde agosto de 2010.

A Rússia também sofreu um baque econômico com a decisão de Viena. O rublo se desvalorizou mais de 2,5% em relação ao dólar, e 2,1% em relação ao euro. O país não é membro da OPEP, mas financia cerca da metade de seu orçamento público com a exportação de petróleo e gás natural.

OPEP de olho no “fracking” dos EUA

A forma de lidar com a queda dos preços divide a OPEP. Antes das conversas em Viena, o ministro do Exterior da Venezuela, Rafael Ramírez, chamou a atenção para o excedente diário de 2 milhões de barris que há no mercado. Para o ministro iraniano do Petróleo, Bijan Namdar Zanganeh, é necessário tomarem-se medidas para influenciar os preços a curto prazo.

Em contrapartida, o chefe de pasta dos Emirados Árabes, Suhail al-Masruei, aposta numa autoestabilização do mercado. E do ponto de vista de Al-Omair, do Kuwait, mesmo uma redução da produção pela OPEP não vai contrabalançar o excesso de oferta no mercado. Quanto ao extremamente influente saudita Al-Nuaimi, antes mesmo do encontro na capital austríaca ele deixara explicita sua rejeição a um corte da produção.

O ministro Ramírez aproveitou a ocasião para criticar do ponto de visa climático o método de “fracking”, o fraturamento hidráulico para extração de combustíveis líquidos e gasosos do subsolo. “O óleo de xisto é um desastre para as mudanças climáticas”, comentou. “Os Estados Unidos estão produzindo de uma forma muito, muito, ruim.”

Segundo especialistas, a Arábia Saudita observa com certa satisfação os apertos que o barateamento do petróleo vem causando à indústria de “fracking” dos EUA. Há estimativas de que o país árabe é forte o suficiente para suportar os baixos preços por mais dois a três anos. (Com agências internacionais)

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