Degola de André Vargas abre temporada de cassações e Gleisi é considerada “a bola da vez”

gleisi_hoffmann_42Alça de mira – A cassação de André Vargas, ex-vice-presidente da Câmara Federal e ex-coordenador da campanha de Gleisi Helena Hoffmann ao governo do Paraná, está deixando o PT e a senadora petista à beira de um ataque de nervos. “Abriram as portas do inferno”, disse um deputado petista, avaliando que só uma fortíssima ‘operação abafa’ pode salvar o mandato de Gleisi e de uma dezena de parlamentares do PT envolvidos com o doleiro Alberto Youssef e no escândalo de corrupção conhecido como Petrolão.

Todos que nos bastidores falam sobre o escândalos concordam que Gleisi Hoffmann, outrora chefe da Casa Civil, é a bola da vez. Ela recebeu R$ 1 milhão do Petrolão, em dinheiro vivo, montante utilizado em uma de suas campanhas. Denúncia bancada na Justiça pelos delatores da Operação Lava-Jato, Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.

A disposição vingativa de André Vargas, que não foi defendido pelos “companheiros” ao longo do processo de cassação, piora o pesadelo de Gleisi. Como combustível para uma verborragia que pode ser destruidora, Vargas considera-se abandonado pelo PT, principalmente por Gleisi e Paulo Bernardo da Silva, atual ministro das Comunicações.

Apesar de ser um dos personagens menos encalacrados no escândalo do Petrolão, Vargas, por estar sem mandato eletivo, pode ter sua prisão decretada pelo juiz Sérgio Moro a qualquer momento. O ex-petista compartilhará uma cela na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, junto com Youssef e com empreiteiros que operavam o carrossel de corrupção que funcionava na Petrobras.

O pavor de Gleisi e do PT é que o deputado cassado, que nada mais tem a perder, decida aderir à delação premiada para escapar de uma pesada condenação. Caso opte pela delação, Vargas provocará um “strike” no PT do Paraná. Além de coordenador da campanha da Gleisi Hoffmann, o ex-deputado aparece nas prestações de contas do TSE como um dos principais doadores de campanhas petistas no estado. Vargas deu dinheiro para todos os deputados eleitos pelo partido em 2010. Ou seja, se contar o que sabe o PT local será alvo de uma implosão.

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Em abril, logo após ter caído em desgraça, quando o jornal “Folha de S. Paulo” revelou que o então petista havia voado para o Nordeste com a família a bordo de um jatinho fretado pelo doleiro da Lava-Jato, André Vargas não recebeu o apoio que esperava do casal Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo. Por conta do abandono, ele e mandou um recado pesado através da revista Veja:

“Vargas insinuou que [Paulo] Bernardo é beneficiário do propinoduto que opera na Petrobras. O ministro, segundo o deputado, seria o intermediário de contratos entre o grupo Schahin [associado a Camargo Correa, grande doadora das campanhas de Gleisi], recorrente em escândalos petistas, e a petroleira. Bernardo teria recebido uma corretagem por isso, recolhida e repassada pelo “Beto”. É assim, com intimidade de sócio e amigo, que Vargas trata o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal sob a acusação de chefiar um esquema de lavagem de dinheiro que teria chegado a 10 bilhões de reais. Parte desse valor, como se revelou nas últimas semanas, são as propinas de negociatas na Petrobras”, disse Vargas à Veja.

Quem convive com André Vargas afirma que ele está muito revoltado e deprimido. Avalia que atravessou um calvário sozinho e foi abandonado pelo PT. Está determinado a dar o troco. Se a cassação de mandato se somar à prisão, Vargas não pretende continuar calado nem se conformar com longa pena de prisão para preservar companheiros que considera como ingratos e desleais.

Em troca de imunidade pode se transformar no delator político do esquema do Petrolão. No caso de o agora cassado André Vargas contar o que sabe, não restará pedra sobre pedra. Nessa esperada avalanche algumas figuras proeminentes da República podem ser atingidas, como Dilma Vana Rousseff, a presidente reeleita, e Luiz Inácio da Silva, o lobista Lula.

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