Lava-Jato: juiz aceita denúncia contra quatro executivos da Engevix e palacianos entram em desespero

corrupcao_15Hora da verdade – O juiz federal Sérgio Fernando Moro, titular da 13ª Vara Federal de Curitiba e responsável pelos processos decorrentes da Operação Lava-Jato, aceitou nesta sexta-feira (12) denúncia do Ministério Público Federal contra nove pessoas acusadas de participação em crimes de corrupção, formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro. A partir de agora, com a aceitação da denúncia por parte de Moro, os nove denunciados são réus em ação penal. Outros 27 denunciados pelo MPF aguardam decisão do magistrado.

Para facilitar o trabalho, o MPF dividiu os 36 denunciados em cinco ações distintas. Sérgio Moro aceitou, nesta sexta-feira, as denúncias contra o doleiro Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobras), Waldomiro de Oliveira (dono da MO Consultoria), Carlos Alberto Pereira da Costa (representante da GFD Investimentos), Enivaldo Quadrado (ex-próprietário da corretora Bônus-Banval), Gerson de Mello Almada (vice-presidente da empreiteira Engevix), Carlos Eduardo Strauch Albero (diretor da Engevix), Newton Prado Júnior (diretor da Engevix) e Luiz Roberto Pereira (diretor da Engevix).

Desse primeiro lote de denunciados que agora são réus, três estão presos preventivamente: Paulo Roberto Costa (cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro), Alberto Yousseff e Gerson Almada (ambos detidos na carceragem da PF em Curitiba).

Moro destaca em sua decisão que, além do crime de organização criminosa, há indícios de crimes de formação de cartel; frustração à licitação; lavagem de dinheiro; corrupção ativa e passiva; evasão fraudulenta de divisas; uso de documento falso; e sonegação de tributos federais. Isso significa que em caso de condenação as penas serão pesadas, ou seja, os condenados passarão bom tempo na prisão.

No documento, o juiz da Lava-Jato marcou para o dia 3 de fevereiro de 2015 o depoimento dos réus acima citados. No mesmo dia serão ouvidos a contadora Meire Bonfim da Silva Poza, que trabalhou com Youssef; João Procópio, acusado de ser “laranja” do doleiro”; Leornardo Meirelles, um dos proprietários do laboratório-lavanderia Labogen; e os executivos da empresa Toyo Setal, Augusto Ribeiro Mendonça e Júlio Camargo. Ambos, Mendonça e Camargo firmaram acordo de delação premiada com a Justiça Federal.

É possível perceber que neste bloco de denunciados há uma predominância de executivos da empreiteira Engevix, detalhe que acendeu a luz vermelha no Palácio do Planalto. Como noticiou o UCHO.INFO em 14 de novembro deste ano, a Engevix tem ligações umbilicais com o governo do PT, o que tem tirado o sono de muitos palacianos.

Considerando que o Ministério Público Federal há de avançar nas investigações, até porque o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que a Operação Lava-Jato ainda está no começo, a situação do governo por certo ficará mais complicada. Isso porque para conseguir bom trânsito nas esferas federais a Engevix sempre recorria a duas conhecidas figuras da República: Silas Rondeau e Erenice Guerra.

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Ex-ministro de Minas e Energia, cargo que deixou às pressas, em 2007, debaixo de sérias acusações de corrupção, Silas Rondeau conseguiu, à época, manter suas ligações com a máquina federal: preservou os cargos de conselheiro da Petrobras, que ocupava desde 2006, e da BR Distribuidora, subsidiária da estatal.

Ligado ao ex-presidente e lobista Lula, amigo da presidente Dilma Rousseff e um dos apaniguados do ainda senador José Sarney, o caudilho maranhense, Rondeau atuava como uma espécie de elo entre o governo federal e a empreiteira. Como se não bastasse, Rondeau conta com a incondicional amizade de Erenice Guerra, ex-ministra-chefe da Casa Civil e pessoa de confiança de Dilma, a quem substituiu na pasta. Erenice deixou a Casa Civil no rastro de graves denúncias de tráfico de influência.

Em 2008, um ano após ser escorraçado do Ministério de Minas e Energia, Rondeau foi contratado pela Desenvix, empresa do grupo Engevix. Em novembro de 2010, não por acaso, a Engevix foi contratada pela Petrobras para construir oito cascos de plataformas para a exploração de petróleo na Bacia de Santos. Valor do negócio à época: US$ 3,4 bilhões. Esse contrato bilionário foi o que faltava para Silas Rondeau ser guindado ao Conselho de Administração da Desenvix.

Esse detalhe, nada pequeno, mostrou à época que o engenheiro Silas Rondeau era um executivo no estilo “cobra de duas cabeças”, pois defendia simultaneamente os interesses da Petrobras e do grupo Engevix. No contraponto, não por coincidência, Erenice Guerra integrou o Conselho Fiscal da Petrobras, cliente da Engevix, que contratou Rondeau.

Com quase cinquenta anos de existência e atuando em diversos países, a Engevix tem entre seus principais clientes as estatais Eletrobras, Furnas e Eletronorte. Apesar de um currículo desse porte, o que lhe garante participar de licitações com grandes possibilidades de vitória, a empreiteira aguçou a curiosidade daqueles que acompanham o cotidiano da política nacional ao recorrer aos contatos do engenheiro Silas Rondeau, que por sua vez apelava para Erenice Guerra.

Como o no universo político nacional não é usina de coincidências, mas é um nascedouro de malandros profissionais, UCHO.INFO sugere às autoridades da Operação Lava-Jato que Silas Rondeau e Erenice Guerra sejam convocados para ao menos explicar essa amizade enorme e fraternal que os une.

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