Mea culpa – O primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, admitiu nesta quinta-feira (18) que o sequestro numa cafeteria em Sydney, que resultou na morte de dois reféns e do próprio sequestrador, poderia ter sido evitado.
“Isso [o sequestro] foi um horrível ‘chamado para acordar’. Foi uma atrocidade – uma atrocidade que poderia muito bem ser evitável. E é por isso que essa rápida e completa análise é tão importante”, afirmou o chefe de governo australiano a uma rádio local.
Sob a pressão de críticos exigindo saber por que o sequestrador Man Haron Monis estava livre sob fiança, apesar de enfrentar uma série de acusações de violência e extremismo, Abbott ordenou um inquérito sob caráter de urgência sobre as circunstâncias da tragédia. Entre as acusações contra o iraniano de 50 anos de idade estão vários casos de assédio sexual e cumplicidade no assassinato de sua ex-esposa, Noleen Hayson Pal, com quem teve dois filhos.
Documentos judiciais detalham um longo histórico criminoso de Monis. Em 2011, a ex-esposa avisou a polícia que estava sofrendo ameaças do iraniano. “Se eu não começar a ver os meninos mais do que estou agora, farei você pagar por isso – nem que isso signifique que eu tenha que atirar em você”, teria dito Monis, segundo relatou Pal em 2012. Ela também afirmou que o ex-marido ficou mais paranoico quando começou a mergulhar em suas atividades islâmicas.
Monis acabou sendo considerado inocente. Um ano depois, Pal foi morta a facadas e incendiada.
Monis, portanto, era bem conhecido pelas autoridades, mas não estava em nenhuma lista de observação antiterrorista. Na última segunda-feira, ele fez 17 reféns e pendurou uma bandeira islâmica numa cafeteria no centro de Sydney. O sequestro durou mais de 16 horas. Além de Monis, o gerente do café e uma das reféns morreram quando a polícia australiana invadiu o estabelecimento e encerrou o sequestro.
Pai de refém dá detalhes sobre fuga
Os detalhes sobre por que a polícia resolveu invadir a cafeteria naquele momento ainda são vagos. Porém, segundo o pai de um dos sobreviventes, a ação policial foi provocada por um grupo de reféns que julgaram que “não iriam sobreviver até o amanhecer se não fizessem algo”.
Bruce Herat, pai do jovem Joel Herat, disse que Monis estava agitado e começou a dividir os reféns em grupos. “Naquele ponto, Joel e outros cinco chegaram à conclusão de que não iriam sobreviver até o amanhecer se não fizessem algo”, disse, acrescentando que o grupo decidiu, então, arrombar uma porta.
Justamente esse grupo foi visto fugindo da cafeteria poucos instantes antes da invasão policial. O departamento da polícia australiana ainda não fez comentários sobre a sequência dos acontecimentos. (Com agências internacionais)