Banco dos réus – Foi aberto nesta segunda-feira (5), nos Estados Unidos, o processo contra o jovem Dzhokhar Tsarnaev, de 21 anos, acusado de ter promovido, juntamente com seu irmão Tamerlan, o atentado durante a maratona de Boston em abril de 2013. A explosão de duas bombas artesanais na linha de chegada da competição deixou três mortos e 264 feridos. Tamerlan foi morto pela polícia durante tentativa de fuga. Djokhar, que foi preso pelos policiais em um barco que estava no quintal de uma casa da cidade norte-america, poderá ser condenado à pena de morte.
Dzhokhar Tsarnaev será julgado por 30 crimes, sendo que 17 deles são passíveis de pena de morte. Se ele for condenado, o eventual pedido de pena de morte já foi encaminhado pelo procurador do estado de Massachussets, apesar de que o estado já aboliu este tipo de sentença. Mas, como a lei federal permite, o ministro da Justiça, Eric Holder, já autorizou a pena capital, apesar de ser pessoalmente contra a medida. Ele justificou a decisão pela gravidade do atentado.
De acordo com a acusação, os dois irmãos Tsarnaev, de origem tchetchena e naturalizados norte-americanos, agiram sozinhos, como “lobos solitários radicalizados”. Eles aprenderam a fazer as bombas pela internet, em uma revista online da rede terrorista Al Qaeda.
Escolha do júri
O processo deve durar três ou quatro meses e começa com a escolha do júri na manhã desta segunda-feira. A seleção dos jurados deve durar pelo menos duas semanas: 1.200 pessoas foram convocadas pelo tribunal. Hoje, um primeiro grupo de 200 a 250 pessoas vai responder a um questionário e receber uma série de instruções. À tarde, será convocado um segundo grupo.
O cenário será o mesmo na terça (6) e quarta-feira (7). O julgamento será então suspenso até o final da próxima semana para dar tempo à defesa e à acusação de estudar os questionários. Em seguida, começará o processo de eliminação, até que as partes concordem com os nomes de 12 jurados e seis suplentes. Serão estes jurados que, se reconhecerem Tsarnaev como culpado pelo duplo atentado, poderão condená-lo à morte.
Tentativa de explicação
Preso em regime de isolamento no hospital da prisão em Fort Devens, a 70 km de Boston, Tsarnaev compareceu diante da justiça apenas duas vezes desde o ataque. Uma primeira vez, ainda ferido, em julho de 2013, quando ouviu as 30 acusações contra ele, incluindo o uso de arma de destruição em massa causando morte e atentado em um espaço público. A segunda aparição foi no dia 18 de dezembro passado, quando participou de uma breve audiência para tomar conhecimento das etapas do processo.
Na parede do barco onde ele se escondeu durante a perseguição policial, Tsarnaev escreveu uma mensagem de explicação sobre seu gesto. “O governo americano mata civis inocentes. […] Nós, muçulmanos, somos um só corpo. Quando vocês fazem mal a um de nós, fazem mal a todos os muçulmanos. […] Parem de matar inocentes e nós vamos parar também”, escreveu o jovem.
Vítimas no tribunal
Familiares de vítimas do duplo atentado devem assistir a todas as sessões do julgamento, como é o caso de Liz Norden. A americana teve dois filhos com pernas amputadas por causa da explosão. Outras vítimas, como Heather Abbott, de 40 anos, também amputada, declararam ter dúvidas sobre eventual comparecimento à sessão no tribunal de Boston. (Com RFI)
