Efeito colateral – Mais de cinquenta atos contra muçulmanos foram registrados na França depois do atentado terrorista contra a redação do jornal “Charlie Hebdo”, na última quarta-feira (7), em Paris, que deixou doze mortos. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (12) pelo Observatório contra a Islamofobia do Conselho do Culto Muçulmano francês (CFCM), que faz um apelo para que o governo reforce a segurança dos seguidores do Islã no país europeu.
Desde a trágica quarta-feira, 54 atos contra os muçulmanos foram contabilizados no território francês. Entre eles, 21 ações graves, como tiros contra uma mesquita em Port-la-Nouvelle, no sul, e uma explosão em um restaurante árabe de Villefranche-sur-Saône, no sudeste. Além disso, 33 ameaças verbais foram registradas.
A lista não leva em consideração violências cometidas em Paris e seus arredores, nem o começo de incêndio no domingo à noite em uma mesquita em construção em Poitiers, no centro-oeste da França.
O presidente do CFCM, Abdallah Zekri, se diz escandalizado com o aumento de atos islamofóbicos. “Ontem caminhamos na calma e na serenidade lado a lado, com toda a diversidade de manifestantes, e todos condenaram o terrorismo”, desabafa.
Violências inéditas
Zekri lembra que o alto número de violências contra os muçulmanos em um curto período de tempo – apenas cinco dias – é inédito. Nos nove primeiros meses de 2014, de acordo com dados da polícia, houve 110 ocorrências, entre atos e ameaças. Em 2013, no mesmo período, foram registradas 158 ocorrências islamofóbicas.
“É preciso reforçar a vigilância dos lugares religiosos muçulmanos, sites e redes sociais”, diz o presidente do CFCM. Ele ressalta que, no momento, nem mesmo a Grande Mesquita de Paris, a principal da França, não tem a segurança necessária, embora policiais protejam a entrada do local desde o atentado contra Charlie Hebdo.
Mais cedo, o primeiro-ministro francês Manuel Valls, reconheceu o aumento das violências contra os muçulmanos e disse que o governo está preocupado. “Todos os cidadãos de nosso país devem ter direito à proteção do Estado”, declarou, sem revelar se a segurança das mesquitas e das instituições muçulmanas será reforçada. (Com RFI)