Tribunal turco ordena bloqueio de sites com capa do jornal parisiense Charlie Hebdo

charlie_hebdo_23Efeito cascata – Um tribunal turco ordenou, nesta quarta-feira (14), o bloqueio de páginas na internet com a capa da atual edição do jornal Charlie Hebdo. Esta é uma das várias reações críticas no mundo muçulmano à publicação de nova caricatura de Maomé. “Foi decidido que o acesso a seções relevantes de páginas na internet que divulgam a capa do Charlie Hebdo estão proibidas”, determinou um tribunal de Diyarbakir, no sudeste da Turquia.

Uma semana após o ataque terrorista à redação, em que morreram doze pessoas, o semanário parisiense satírico publicou, nesta quarta-feira, uma “edição dos sobreviventes”, cuja capa traz a manchete “Tudo está perdoado” e uma caricatura de Maomé, com uma lágrima no olho, segurando uma folha com a frase “Je suis Charlie” (“Eu sou Charlie”). Os três milhões de exemplares foram vendidos em minutos e uma nova carga com mais dois milhões de unidades é aguardada com ansiedade.

Em um gesto de solidariedade, o jornal turco “Cumhuriyet” publicou um encarte com partes da atual edição do Charlie Hebdo, sem incluir a caricatura de Maomé. No caderno principal, contudo, a caricatura aparece duas vezes, em tamanho menor, ilustrando textos sobre o assunto. O “Cumhurizet” foi o único jornal turco a imprimir as imagens, pois conseguiu enganar a polícia que, ao verificar os jornais recém-impressos, não encontrou as caricaturas.

Um dos vice-premiês do governo conservador da Turquia, Yalcin Akdogan, escreveu em sua conta no Twitter que “aqueles que desprezam os valores sagrados dos muçulmanos, publicando desenhos que alegadamente representam o nosso profeta, são claramente culpados de provocação”.

Autoridades muçulmanas condenam publicação

Várias autoridades políticas e religiosas muçulmanas condenaram a publicação da caricatura, mas reiteraram também que condenam os atentados de Paris, afirmando que eles são contrários aos valores islâmicos.

O Ministério do Exterior do Irã qualificou a última capa do Charlie Hebdo de “provocação” e “insulto”, afirmando que ela “estimulará o sentimento dos muçulmanos de todo o mundo”. O ministério acrescentou que “o abuso da liberdade de expressão no Ocidente não é aceitável e deve ser prevenido” e que “o respeito pelas crenças e pelo sagrado é um princípio aceito e é esperado que líderes europeus respeitem esse princípio”.

No Afeganistão, a Câmara baixa da Assembleia Nacional aprovou uma resolução que qualifica a capa do Charlie Hebdo de blasfêmia: “Queremos que os líderes dos países ocidentais evitem a publicação de materiais blasfemos, especialmente caricaturas do profeta Maomé”, afirma o texto.

A mais alta autoridade muçulmana nos territórios palestinos, Mohammed Hussein, considerou a publicação da caricatura “um insulto que fere os sentimentos de quase dois bilhões de muçulmanos em todo o mundo”.

A instituição religiosa egípcia Al-Azhar, a mais prestigiada entre as instituições sunitas, apelou aos muçulmanos para ignorarem “as caricaturas ofensivas”, criticou a “imaginação doente” que as criou e afirmou que a figura de Maomé “é demasiadamente grande e sublime para ser ofendida por caricaturas imorais”.

No Catar, a União Internacional de Acadêmicos Muçulmanos criticou a publicação da caricatura, afirmando que ela vai incitar ao ódio. “Não é razoável, lógico nem sensato publicar desenhos e filmes ofensivos ou que ataquem o profeta do islã”, afirmou a instituição num comunicado, considerando que a publicação vai dar credibilidade à ideia de que o Ocidente está contra o islã e incitar ao ódio e a atos extremistas. (Com agências internacionais)

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