Dilma terá de enfrentar várias CPIs no Congresso Nacional, garantem os partidos de oposição

dilma_rousseff_480Paiol lotado – O desespero que invadiu o Palácio do Planalto por causa da escolha do presidente da Câmara dos Deputados é grande e tem explicação. A reeleita Dilma Vana Rousseff sabe que não terá vida fácil na Câmara caso o peemedebista Eduardo Cunha seja eleito para comandar a Casa legislativa no próximo biênio. Líder do PMDB na Câmara até o próximo domingo (1), quando acontece a posse dos parlamentares eleitos e a definição da Mesa Diretora, Cunha já mostrou aos palacianos que conhece o Regimento Interno e sabe jogar como ninguém no tabuleiro da política nacional.

Quando Eduardo Cunha foi indicado para liderar a bancada peemedebista na Câmara dos Deputados, o UCHO.INFO afirmou que Dilma teria sérios problemas nas votações de matérias de interesse do governo. Isso explica o esforço do PT palaciano para tentar emplacar Arlindo Chinaglia no cargo, que apesar de ser ligado ao ex-presidente Luiz Inácio da silva, que joga contra Dilma nos bastidores, é “menos ruim” do que Cunha.

Como se não bastasse a ameaça real que representa uma vitória de Eduardo Cunha na corrida à presidência da Câmara dos Deputados, a oposição promete criar dificuldades para a presidente da República. O papel primeiro da oposição é colocar o pé na porta e impedir que o rolo compressor do governo atropele a democracia, mas não se pode esquecer que os que fazem contraponto ao governo devem apresentar propostas alternativas que solucionem, mesmo que minimamente, a cascata de problemas que avança sobre o País.

Líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR) promete não dar sossego à presidente Dilma, principalmente nas questões ligadas à roubalheira que ocorreu na Petrobras. “Não vamos dar sossego para um governo atolado em corrupção e incompetência”. O aviso foi dado nesta sexta-feira (3) por Bueno, que acertou com as bancadas do PSDB, DEM e PSB a apresentação de pelo menos quatro pedidos de abertura de comissões parlamentares de inquérito na próxima semana. Além de uma nova CPMI da Petrobras, com a participação de deputados e senadores, a oposição finaliza o texto de outros três pedidos de CPI: do BNDES, do setor elétrico e dos fundos de pensão.

Para Rubens Bueno, nos últimos três casos o Congresso Nacional precisa tomar a dianteira. “As investigações da operação Lava Jato, os depoimentos dos envolvidos na Justiça e na CPMI da Petrobras mostram que o esquema de corrupção não estava restrito a estatal. Existem ramificações em vários setores e cabe ao Parlamento cumprir seu papel constitucional de fiscalizar os atos do Executivo”, reforçou.

O líder do PPS lembra que, no caso dos fundos de pensão, a investigação é urgente para proteger seus beneficiários. “São bilhões de reais que estão sendo investidos em negócios temerários, de alto risco. Existem diversas denúncias de corrupção e irregularidades, algumas delas já investigadas pelo Ministério Público. Temos que apurar já para que não aconteça com esses fundos o que aconteceu com a Petrobras”, alertou.

No caso do BNDES, explicou Rubens Bueno, também existe uma grande preocupação da sociedade. “Basta lembrar o episódio de Eike Batista. O dinheiro do BNDES está sendo direcionado para um seleto grupo de amigos do governo. Além disso, existem muitos empréstimos sigilosos. Temos que abrir a caixa preta do BNDES”, defendeu.

Outro setor que precisa ser investigado, na avaliação da oposição, é o elétrico. “Temos grandes obras sendo tocadas pelas mesmas empreiteiras cujos presidentes e diretores foram presos na operação Lava Jato. O próprio Paulo Roberto Costa, delator do Petrolão, afirmou, em depoimento na CPMI da Petrobras, que o esquema de corrupção atinge, por exemplo, a construção de hidrelétricas. Um pente fino nessa área também é fundamental”.

Rubens Bueno reconhece que o governo vai fazer de tudo para barrar as investigações. “O PT sempre age dessa forma, mas foi com a insistência que conseguimos instalar a CPI dos Correios, que desvendou o Mensalão, e a da Petrobras. A oposição está mais forte e a sociedade mais atenta. Há grande chance de emplacarmos as CPIs. Não daremos trégua para o governo Dilma”.

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