Hora da verdade – A bancada do PPS na Câmara dos Deputados espera que o novo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cumpra integralmente seu principal compromisso de campanha: a independência da Casa diante do Poder Executivo. Cunha foi eleito neste domingo (1º), em primeiro turno, com 267 votos, contra 136 de Arlindo Chinaglia (PT-SP), 100 de Júlio Delgado (PSB-MG), 8 de Chico Alencar (PSOL-RJ). Foram registrados também dois votos em branco. O PPS apoiava Delgado dentro do bloco formado com PSB, PSDB e PV
“Precisamos acabar de vez com essa subserviência do Legislativo ao Palácio do Planalto, uma praga que vem assolando o Congresso nos últimos anos e que invariavelmente resulta em compras de votos e escândalos como o do Mensalão. Esperamos que Eduardo Cunha garanta a independência e cumpra suas propostas de campanha, dando prioridade para as verdadeiras pautas da sociedade, para os projetos dos parlamentares e, sempre que for necessário, devolva ao Planalto as centenas de medidas provisórias que chegam a esta Casa sem cumprir os requisitos constitucionais de urgência e relevância”, afirmou o líder do PPS, deputado federal Rubens Bueno, após a escolha do novo presidente.
O parlamentar também espera Cunha adote outras propostas que eram defendidas pelo bloco da oposição e seu candidato. Em discurso na sessão da eleição da Mesa da Câmara, Júlio Delgado afirmou que o Congresso deve estar voltado para os reais interesses da sociedade: “Se nós não mudarmos as práticas, se esses novos deputados não praticarem a mudança, iremos retroceder. Façamos da realidade o sinal que o povo nos enviou da rua”, alertou o parlamentar do PSB.
Bueno ressaltou ainda que o Brasil vive um momento difícil com crise econômica, corrupção desenfreada e ainda sofre com a absoluta falta de políticas públicas eficientes. “Por tudo isso, o presidente da Câmara terá papel fundamental no processo político em 2015”, afirmou o líder do PPS, que homenageou ainda os outros parlamentares que disputaram a presidência da Câmara. “Júlio Delgado, Arlindo Chinaglia e Chico Alencar também estão de parabéns. Assim como Eduardo Cunha, eles são grandes quadros políticos desta Casa”.
Já o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) disse que o novo presidente da Casa deve priorizar a partir de agora a agenda que vem das ruas e das urnas. “É necessário privilegiar os temas de interesse da sociedade e não da corporação. Entre eles a reforma política, a revisão do modelo federativo e o projeto de iniciativa popular que garante 10% da arrecadação bruta da União para a saúde”, ressaltou.
A chance de Eduardo Cunha não cumprir a principal promessa de campanha é mínima, mas isso poderá acontecer a partir de 2016, caso o Palácio do Planalto tenha disposição para negociar. No curto prazo essa hipótese é quase nula.
Não se pode esquecer, porém, que o governo do PT, a mando de Dilma Rousseff, jogou pesado nos subterrâneos do poder contra a candidatura de Cunha, que a reboque de armações teve o nome vinculado à Operação Lava-Jato em duas ocasiões. Em uma das tentativas de atingir o novo presidente da Câmara dos Deputados, o governo foi desmentido por um dos delatores da operação deflagrada pela Polícia Federal, o doleiro Alberto Youssef. E Cunha certamente dará o troco na presidente Dilma, de quem é um conhecido desafeto.