Convocação de Paulo Bernardo como testemunha do chefe do cartel do Petrolão foi recado mafioso

poderoso_chefao_01Poderoso chefão – Presos na carceragem da Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, os empreiteiros envolvidos no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história da humanidade e que saqueou os cofres da mais importante empresa brasileira, os executivos das empreiteiras temem a possibilidade de pagar isoladamente pelos crimes identificados ao longo da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.

Em clara sinalização de que não ficarão calados, o que significa que a qualquer momento podem detalhar o esquema criminoso, os empreiteiros mandaram ao Palácio do Planalto, mais precisamente à presidente Dilma Vana Rousseff, um recado no melhor estilo Don Corleone. Possibilidade que vem tirando o sono de nove entre dez palacianos.

O recado se materializou na convocação do ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Comunicações), do atual ministro da Defesa e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, e do deputado federal Arlindo Chinaglia, candidato derrotado na disputa pela presidência da Câmara, apesar de todos os esforços do governo do PT. O detalhe interessante nessas convocações é que os três – Paulo Bernardo, Wagner e Chinaglia – são petistas e servirão como testemunhas de defesa de Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia. O trio foi beneficiado, direta ou indiretamente, por substanciais doações feitas pelas empresas envolvidas no Petrolão.

O recado do chefão da UTC- Constran é simples: se o Palácio do Planalto não se mexer nos bastidores para “aliviar a barra” dos empresários, seus principais aliados, a começar pelos três convocados, serão arrastados para o olho do furacão em que se transformou a Operação Lava-Jato e seus desdobramentos.

As entranhas dessa mensagem mafiosa, recebida pelos três convocados pela defesa de Ricardo Pessoa, são contadas pelo colunista Lauro Jardim, da Veja. Procedimento idêntico foi feito com Arlindo Chinaglia e Paulo Bernardo: “Sem alarde, a filha de Ricardo Pessoa, a advogada Patrícia, esteve com Jaques Wagner na semana passada. Wagner, que foi arrolado como testemunha de defesa do empreiteiro da UTC, recebeu recados provenientes de Curitiba. O mesmo Jaques Wagner também recebeu há duas semanas a visita de Cesar Mata Pires, dono da OAS. O empreiteiro baiano deixou claro que, se o governo não colaborar, Leo Pinheiro, o presidente da OAS encarcerado desde novembro, pode fazer uma delação premiada – e deixar mortos e feridos pelo caminho”.

Independentemente da nota do jornalista Lauro Jardim, o UCHO.INFO afirmou em matéria publicada em 29 de agosto de 2014 que, cedo ou tarde, a Operação Lava-Jato haveria de subir a rampa do Palácio do Planalto. O que acabou acontecendo. O envolvimento da cúpula do governo federal no escândalo de corrupção sempre foi de conhecimento daqueles que frequentam os bastidores do poder, em Brasília. As operações criminosas que ocorreram durante anos em algumas diretorias da Petrobras contavam com a anuência dos palacianos.

Em meados de 2005, depois da eclosão do escândalo do “Mensalão do PT”, o UCHO.INFO alertou para a criação de um novo esquema criminoso, arquitetado pelo então deputado federal José Janene (PP-PR), já falecido, e operacionalizado por Alberto Youssef, o doleiro da Lava-Jato. Naquela ocasião, muitas foram as ameaças recebidas pelo editor do site, que mais tarde, no início de 2009, apresentou ao Ministério Público Federal, juntamente com o empresário Hermes Magnus, as denúncias que culminaram na Operação Lava-Jato.

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