Cenário econômico mostra que 2015 será de dificuldades, com o governo cada vez mais perdido

dinheiro_106Apertem o cinto – Que o ano de 2015 seria difícil em termos econômicos todos os brasileiros já sabiam. Agora, o que era conversa entre desconfiados agora é uma realidade confirmada pelo mercado financeiro nacional. De acordo com o Boletim Focus, do Banco Central, que costumeiramente consulta pelo menos cem economistas das principais instituições financeiras em atividade no País, o crescimento da economia em 2015 deve ser próximo de zero, enquanto a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve ultrapassar a marca de 7%.

Segundo os especialistas ouvidos pelo BC, a previsão para a inflação oficial, que na semana anterior estava em 6,99%, agora é de 7,01%. Foi a quinta elevação do mercado para a inflação em 2015, lembrando que esta é a quinta semana útil do ano, já que 1º de janeiro caiu numa quinta-feira. No caso de se confirmar a previsão do mercado financeiro para a inflação de 2015 (7,01%), será o maior índice dos últimos onze anos, uma vez que em 2004 o mais temido fantasma da economia bateu na casa de 7,6%.

Quando foi indicado para assumir o comando do Ministério da Fazenda, Joaquim Levy sinalizou para a adoção de medidas que levariam a inflação para o centro da meta (6,5%) em apenas dois anos, ou seja, o alvo seria alcançado em 2016. O UCHO.INFO utiliza o verbo “ser” no condicional porque reduzir a inflação oficial em dois percentuais em apenas um ano é quase impossível.

Horizonte carregado

Apesar de a atividade econômica estar em nível preocupante os preços das commodities no mercado internacional estarem abaixo do esperado, o que em tese ajuda na contenção da inflação, a alta da moeda norte-americana e a elevação dos chamados preços administrados (telefone, água, energia elétrica, água, combustíveis e tarifas de transporte) continuam impactando os preços de produtos e serviços. Além disso, a inflação do setor de serviços segue em trajetória de alta.

Com o objetivo de recolocar a economia brasileira nos trilhos, a partir do equacionamento das contas públicas, o governo federal suspendeu os repasses financeiros para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que vinham ocorrendo no vácuo da estabanada decisão da presidente Dilma Rousseff de antecipar a renovação das concessões das empresas geradoras. Com esse novo cenário, as tarifas de energia elétrica deverão sofrer aumento, ao longo do ano, de 30% a 40%, o que certamente puxará a inflação para cima.

Para piorar o que já era ruim, o governo do PT, no embalo do “pacote de maldades” anunciado pelo ministro Joaquim Levy, colaborou para o aumento do preço dos combustíveis no momento em que optou pelo aumento dos tributos do setor, também por meio do retorno da CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), algo que pode ser facilmente traduzido pela expressão “mãos ao alto”. A gasolina vendida ao consumidor traz, desde domingo (1º), um aumento de 8%, enquanto que no diesel chega a 6,5%. Ou seja, o governo caminha na contramão da lógica quando o assunto é declarar guerra à inflação. Isso porque os preços administrados, que têm 25% de participação no cálculo da inflação, devem registrar alta de pelo menos 9,3% em 2015, de acordo com estimativa do Banco Central.

PIB no despenhadeiro

Se por um lado os economistas consultados pelo BC elevaram a projeção de inflação para 2015, por outro reduziram a expectativa de crescimento do PIB neste ano. Na semana anterior, o Boletim Focus informou que aposta dos especialistas para o crescimento econômico era de 0,13%, mas agora o índice caiu para 0,03%. Trata-se da quinta queda consecutiva da previsão, lembrando, mais uma vez, que esta é a quinta semana útil do ano.

Ao participar do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), o ministro Joaquim Levy (Fazenda) afirmou que em 2015 o PIB manter-se-ia estável, ou seja, perto da marca de 0,2% registrada no ano passado.

Diante da possibilidade de racionamento de energia elétrica em decorrência da estiagem prolongada que já dura mais de um ano, em especial nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, há quem aposte em crescimento negativo da economia em 2015. Os mais pessimistas falam em crescimento negativo do PIB de dois pontos percentuais, cenário que, se confirmado, levará o Brasil ao caos econômico. De quebra, no vácuo desse quadro de crise aguda, o projeto de poder do Partido dos Trabalhadores escorrerá pelo ralo.

Contra a corrente e o discurso

Quando assumiu o comando do Ministério da Fazenda, Levy apresentou à nação uma fórmula binomial velha e conhecida em todos os lares brasileiros: redução de despesas e aumento de receitas. No momento em que o governo sinaliza com a redução de despesas, significa que muitos investimentos sairão da pauta oficial, colocando o Brasil à beira do caminho da infraestrutura, por exemplo, setor primordial para o desenvolvimento nacional.

No contraponto, ao falar em aumento de receitas, o governo busca na majoração de impostos a saída para um problema que não foi evitado por Dilma Rousseff, que acelerou a gastança no afã de se reeleger. Falar em aumento da arrecadação tributária ao mesmo tempo em que o crédito ao consumidor encarece é suicídio político.

Enquanto o ministro Joaquim Levy encareceu o crédito com o aumento do IOF (imposto sobre operações financeiras), o Banco Central elevou a taxa básica de juro, a Selic, para 12,25%, podendo encerrar o ano em 12,5% ou acima. Essa combinação de decisões contraria o desejo do próprio governo de arrecadar mais, o que só é possível com o aumento do consumo. E isso não acontecerá tão cedo, pois os brasileiros estão cada vez mais cautelosos na hora de comprar.

Para turbinar o quadro atual, a moeda norte-americana, que até recentemente era utilizada pelo governo federal para conter a inflação, entrou em curva de alta, podendo chegar ao final de 2015 em R$ 2,80. Para 2016, a previsão dos economistas é que o dólar alcance a cotação de R$ 2,90.

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