Ministro da Justiça tenta justificar derrota do PT na Câmara e piora a situação do partido

jose_eduardo_31Adoçando a receita – O Palácio do Planalto já identificou os parlamentares da base aliada que traíram o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP), candidato que apesar do intenso e rasteiro apoio do governo da “companheira” Dilma Rousseff acabou derrotado na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados. E as retaliações devem ocorrer mais adiante, de forma discreta e silenciosa, com o uso da máquina estatal e nos subterrâneos imundos do poder.

Com a vitória do peemedebista Eduardo Cunha (RJ), um conhecido desafeto da presidente da República, o governo fica em larga desvantagem na Câmara, sendo obrigado, a partir desta segunda-feira (2), a pagar preço mais caro para negociar a aprovação de matérias do seu interesse. Do contrário, colecionará derrotas e vexames nos próximos dois anos.

Com a vexatória derrota de Chinaglia, que conquistou apenas 136 votos, contra 27 de Cunha, o PT fica sem cargo na Mesa Diretora, o que é considerado um ponto negativo em termos de estratégia política. Após reconhecer o fracasso de sua candidatura, Arlindo Chinaglia disse que um acordo feito com partidos que engrossaram sua campanha daria ao PT um cargo na direção da Casa, pois sua eventual derrota estava condicionada a uma dança de cadeira. O que não deve acontecer, segundo declaração do ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo.

O titular da Justiça minimizou o fato de o PT não participar da Mesa Diretora da Câmara, aproveitando para dizer que espera uma gestão “excelente e harmoniosa” do novo presidente da Casa legislativa. Ou seja, quando está no poder o PT atropela quem encontrar no caminho, mas quando perde uma eleição cobra harmonia. A declaração de José Eduardo Cardozo foi dada à saída da solenidade de abertura do Judiciário, no Supremo Tribunal Federal (STF).

“O governo já teve, muitas vezes, uma convivência absolutamente harmônica com o Legislativo sem ter um petista na Mesa. Tenho absoluta convicção de que o presidente Eduardo Cunha investirá profundamente em uma boa relação com os Poderes”, afirmou o ministro.

Sobre o fato de a Câmara dos Deputar estar nas mãos de um aliado considerado incômodo pelo Palácio do Planalto, Cardozo foi prolixo e tergiversou: “O Legislativo tem a liberdade de escolher os seus nomes. Acho muito importante que essas escolhas tenham sido feitas”. Em outras palavras, o governo do PT impõe a ferro e fogo suas escolhas, mas quando isso não acontece escala alguém com discurso dissimulado. Imaginar que o Planalto aceitou facilmente a derrota na Câmara, como sugere Cardozo, é passar atestado de inocência.

O governo apostou suas fichas em Arlindo Chinaglia na esperança de ter o controle da Câmara dos Deputados, evitando assim alguns dissabores, como a criação de CPIs, a recepção de processo de impeachment da presidente da República e a abertura de processos de cassação de mandato contra parlamentares petistas envolvidos no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história da humanidade.

José Eduardo Cardozo, que não vê a hora de atravessar a Esplanada dos Ministérios e instalar-se no STF, sabe muito bem como reage o próprio partido nos bastidores da política nacional. Em vez de tentar justificar a derrota do PT na Câmara, Cardozo deveria se preocupar em explicar aos brasileiros sobre a defesa de Erenice Guerra, processada no rastro da acusação de tráfico de influência enquanto esteve na chefia da Casa Civil.

apoio_04