Parafuso solto – O ex-ministro paquistanês Ghulam Ahmad Bilour está oferecendo uma recompensa de US$ 200 mil pela cabeça do novo diretor do jornal satírico Charlie Hebdo, o cartunista Laurent Sourisseau, que assina suas charges como Riss. Ele estava na redação no dia do massacre, levou um tiro no ombro, mas escapou da morte ao se esconder embaixo de uma mesa.
Nem completou um mês que os irmãos Koachi mataram 12 pessoas na redação de Charlie Hebdo e os sobreviventes do massacre já são alvo de novas ameaças.
O deputado e ex-ministro paquistanês Ghulam Ahmad Bilour, que oferece um prêmio pelo assassinato de Riss, é um extremista conhecido em Islamabad, capital do Paquistão. Membro do Partido Nacional Awami (ANP), uma formação ultraconservadora, ele já tinha oferecido US$ 100 mil dólares de recompensa, em 2012, pela morte dos autores do curta-metragem “A Inocência dos Muçulmanos”.
Essa produção independente americana, que caçoava do profeta Maomé e foi divulgada no Youtube, gerou uma onda de protestos em países muçulmanos. Na época, o então ministro declarou que mataria o responsável pelo filme com as próprias mãos, caso alguém o ajudasse a localizá-lo. A ameaça não gerou nenhuma sanção do governo paquistanês.
Desta vez, Bilour prega o assassinato de Riss por causa das novas caricaturas de Maomé publicadas no número histórico do Charlie Hebdo que chegou às bancas após a morte de seus principais caricaturistas. Nos corredores da Assembleia do Paquistão, Bilour disse que “não aceitará novos ataques contra o profeta”. O deputado também afirmou que daria US$ 100 mil às famílias dos terroristas responsáveis pelos ataques em Paris. E, mais uma vez, não houve nenhuma condenação por parte do governo paquistanês.
Desde a publicação das novas caricaturas de Maomé no Charlie Hebdo, interesses franceses foram alvo de vários ataques no Paquistão. O próximo número de Charlie Hebdo chega às bancas no dia 25 de fevereiro. (RFI)