Oposição começa a se mobilizar para criar a CPMI do BNDES, que já assusta o Palácio do Planalto

bndes_01Mudando o foco – Quando concentrou esforços para criar uma nova CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados, os partidos de oposição erraram, pois deram ao inimigo armas para derramar sobre a opinião pública uma cortina de fumaça. O escândalo do Petrolão está sendo elucidado com competência pelas autoridades envolvidas na Operação Lava-Jato e uma Comissão Parlamentar de Inquérito servirá apenas para desprestigiar o trabalho investigatório desenvolvido até então.

Com a nova CPI, o PT, principal acusado no maior escândalo de corrupção da história moderna, terá a chance de impor a oposição situações constrangedoras, como a convocação de políticos que nada têm a ver com o Petrolão, mas que serão usados para minimizar a avalanche de críticas que chacoalha o Palácio do Planalto e tem tirado o sono de Dilma Vana Rousseff, a presidente da República.

Há dias, em conversa com parlamentares no Congresso Nacional, o editor do UCHO.INFO foi enfático ao afirmar que há muitos pontos de vulnerabilidade do governo federal, não apenas a roubalheira que ocorreu na Petrobras ao longo da última década. A solução, disse o editor, seria criar CPIs focadas com outros focos, como, por exemplo, BNDES, Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), Eletrobras e setor energético como um todo.

Na terça-feira (10), começou a coleta de assinaturas para a criação de CPI e de CPI mista para investigar empréstimos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os requerimentos de autoria do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) pedem apuração dos financiamentos com inícios de ilegalidades a exemplo dos concedidos a JBS Friboi, a Sete Brasil, além dos executados em favor de projetos em Cuba, Equador e Venezuela. Para ser instalada, a CPI precisa da assinatura de 27 senadores; no caso da mista são 27 senadores e 171 deputados.

“O BNDES deixou de ser um banco de desenvolvimento econômico e social para se transformar em financiador dos amigos do rei. Não há transparência quanto ao termos e garantias dos empréstimos e vários indícios de ilicitudes. Um exemplo é o financiamento bilionário ao JBS Friboi, coincidentemente, o maior doador da campanha à reeleição da presidente Dilma”, argumentou o líder.

Caiado classifica como emblemático o caso do empréstimo de R$ 8 bilhões ao grupo JBS Friboi. Em 2014, o BNDES negou acesso aos documentos do financiamento ao Tribunal de Contas da União sob alegação de que haveria sigilo bancário de suas transações. O argumento não foi aceito pelo TCU e o BNDES ingressou com um mandato de segurança para manter as informações secretas.

Já para a Sete Brasil Participações foi concedido apoio financeiro de R$ 10 bilhões para a construção de nove sondas de perfuração, algumas delas contratadas pela Petrobras. Apesar da falta de garantias e alto endividamento da empresa, o valor foi liberado pelo BNDES. Outros casos suspeitos referem-se aos empréstimos de R$ 4,6 bilhões para países, como Cuba. Angola, Equador e Venezuela. As operações chamaram a atenção do Ministério Público pelas enormes quantias liberadas classificadas como operações sigilosas ou a fundo perdido. O investimento mais notório foi a construção do porto de Mariel, em Cuba, com repasses de R$ 1 bilhão do banco a construtora Odebrecht.

“É absurdo o volume de recursos que a União tem colocado no caixa do BNDES para esse tipo de financiamento. De 2006 a 2014, o endividamento do banco junto o Tesouro Nacional aumentou 4.802%”, completou Caiado.